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Autoridades de saúde e Presidente da República pedem cuidado aos mais novos para não contraírem o vírus.
© Arquivo Global Imagens

Jovens, a covid "não é uma constipação" e é preciso pensar nos avós

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Diretora-geral da Saúde fala numa "tendência para aliviar o comportamento" de proteção contra a covid-19, por parte dos mais novos. Nas últimas três semanas, os números de novos contágios entre os jovens subiu ligeiramente.

Prestes a entrar na terceira fase de deconfinamento (marcada para a próxima segunda-feira 1 de junho), os jovens voltaram a estar no centro dos apelos das autoridades de saúde e do Presidente da República. Podem não sentir com tanta intensidade a doença como os mais velhos, mas a covid "não é uma constipação", alerta a diretora-geral da Saúde, e é preciso pensar nos mais velhos e pessoas de risco que estão à volta.

"Há de facto uma tendência para aliviar o comportamento", disse, em conferência de imprensa, Graça Freitas, referindo-se aos mais novos. Os números atualizados no boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), das últimas três semanas (entre 8 e 29 de maio), mostram um crescimento ligeiramente superior na taxa de novas infeções nas faixas etárias mais jovens.

Neste período, a taxa de crescimento foi maior entre as crianças (dos 0 aos 9 anos e dos 10 aos 19 anos) e depois nos jovens entre os 20 e os 29 anos. Na primeira quinzena do mês, os novos casos entre estes jovens passaram de 3270 para 3627 (um aumento de 10,9%) e esta semana estão nos 4178 (subida de 15,2%).

Perante isto, a responsável pela DGS relembra que "esta doença não é uma constipação. Mesmo que tenham a doença na forma ligeira podem transmitir o vírus a grupos de risco e a familiares mais velhos", interpela diretamente os jovens. Graça Freitas refere ainda que foi notado um aumento dos ajuntamentos entre os mais novos na região da Grande Lisboa - a mais afetada pela pandemia, neste momento. Esta sexta-feira, a zona de Lisboa e Vale do Tejo registou 97% dos 350 casos de covid-19 notificados nas últimas 24 horas.

Horas antes, durante uma entrevista à rádio renascença, o Presidente da República fazia o mesmo apelo. Marcelo Recebo de Sousa pediu aos mais novos para pensarem que "têm avós, têm pais e têm tios" e comportarem-se tendo em conta "o risco social dos outros".

Recuperando o essencial, Graça Freitas, relembrou: é preciso evitar o contacto próximo, utilizar máscara e respeitar as medidas de higiene e etiqueta respiratória. Depois, o discurso endurece. "Não se podem tolerar comportamentos que ponham em risco a saúde pública. Depende de nós e do nosso comportamento interromper cadeias de transmissão", afirmou.

13% do total de infetados são jovens

Atualmente, o boletim da DGS dá conta de 4178 casos de infeção pelo novo coronavírus em jovens entre os 20 e os 29 anos, desde o início da pandemia. O que representa 13% do total de infetados (31 946). A nível de óbitos, existe apenas registo de um caso de um jovem de 29 anos, que tinha outras patologias associadas.

Os dados globais da pandemia apontam no mesmo sentido. Indicam que o risco de ocorrer uma morte por covid-19 é tanto maior quanto mais elevada for a idade. Até aos 9 anos a incidência é nula, entre os 10 e os 39 anos atinge a taxa dos 0,2%, segundo os números mais recentes do surto do novo coronavírus, tendo como base informação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China (CCDC).

No entanto, estes número não devem servir de desculpa para o incumprimento dos conselhos divulgados pelas autoridades de saúde. No final do mês de março, numa mensagem dedicada aos mais novos, o diretor da Organização Mundial da Saúde lembrava isso mesmo. "Vocês não são invencíveis. Este vírus pode prender-vos durante semanas a uma cama de hospital ou mesmo matar-vos. E, mesmo que não fiquem doentes, as vossas escolhas sobre o que fazem e onde vão podem significar a diferença entre a vida e a morte para outras pessoas", disse Tedros Ghebreyesus, congratulando-se depois com o facto de muitos jovens "estarem a passar a palavra e não o vírus".