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O estado de emergência levou ao encerramentos dos centros comerciais. Fotografia: EPA / José Sena Goulão

APED. “As pessoas não irão nunca nesta fase passear para um Centro Comercial”

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APED critica adiamento da abertura total dos centros comerciais na região da Grande LIsboa. Decisão vai atrasar recuperação económica dos retalhistas.

A decisão do Governo de adiar até 4 de junho a abertura total dos centros comerciais na Grande Lisboa vai “atrasar a recuperação económica de muitos retalhistas da área do retalho especializado”, o que é “mau” no entender da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) que representa 100 retalhistas especializados, 70% dos quais com lojas na área metropolitana de Lisboa. “As pessoas não irão nunca nesta fase passear para um Centro Comercial, estando bom ou mau tempo”, diz Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, considerando que o receio de aglomeração nestes espaços não tem sentido.

“Os centros comerciais e as superfícies maiores oferecem um grau de confiança ao consumidor muito válido. Portanto, este medida, no nosso entender respeitamo-la, mas vai atrasar a recuperação económica de muitos retalhistas da área do retalho especializado e, no nosso entender, é mau”, reagiu Gonçalo Lobo Xavier, em declarações ao Dinheiro Vivo.

“Defendemos a saúde pública e também entendemos que é preciso tomar decisões políticas duras, agora temos alguma dificuldade em perceber esta decisão dos centros comerciais da área de Lisboa, na medida em que os centros comerciais são eles próprios alvo de muitas medidas de segurança e de limitação de pessoas no seu espaço que são as mesmas de outro tipo de retalho e que têm oferecido um grau de segurança interessantíssimo aos consumidores e aos trabalhadores”, defende.

“Qual é a diferença entre ter um centro comercial aberto com uma limitação de 5 pessoas por cada 100 metros quadrados para outra loja qualquer? Não compreendemos até porque há um nível de segurança superior, porque há uma restrição de 5 pessoas por cada 100 metros quadrados à entrada do centro comercial e depois há ainda uma limitação à entrada da própria loja de 5 por 100. Um duplo filtro”, argumenta.

“É preciso explicar ao Governo que as pessoas mudaram os seus hábitos e estão a aturar de forma sensata no que diz respeito às suas opções de consumo. As pessoas não irão nunca nesta fase passear para um CC, estando bom ou mau tempo”, diz.

Nestes dois meses, diz o responsável da APED, “o que se verificou é que as pessoas iam à loja para adquirir um produto que lhes fazia falta. Essa lógica de achar que as pessoas se vão aglomerar num espaço comercial não existe.”

Mais do que adiar a abertura do retalho e dos shoppings, para a APED a solução para o controlo do número de casos de covid-19 na região passa por outro tipo de medidas.

“Parece-nos que a solução para o controlo do elevado número de casos na zona de Lisboa não passa seguramente por este restrição aos centros comerciais, passa mais por estabelecer e comunicar melhor a necessidade dos cidadãos terem distância social, usarem máscara nas ruas, e isso é que devia ser comunicado às pessoas de forma peremptória”, defende.

O Governo vai testar os trabalhadores dos principais focos de infeção, em concreto os trabalhadores nas áreas de construção civil, bem como os que prestam serviço através de empresas de trabalho temporário, como é o caso da plataforma da Azambuja. Informação que será usada para avaliar a situação e na tomada de decisão do Governo no próximo conselho de ministros a 4 de junho.

“É uma variável interessante, mas tem de haver também uma intervenção, uma verificação no terreno sobre as medidas que estão a ser tomadas para tomar consciência da realidade.”