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João Pedro, morto em operação policial no meio de pandemia, levou tiro nas costas, diz laudo

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João Pedro, (mais um) um jovem negro de 14 anos assassinado durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), tomou um tiro pelas costas, segundo laudo cadavérico da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Um tiro de fuzil calibre 5,56, mesmo utilizado pela PM durante a operação, perfurou o corpo do adolescente, que é mais uma vítima da violência policial no Rio de Janeiro.

Testemunhas que viram a situação da casa em que João Pedro foi morto contaram mais de 70 tiros na residência. A Polícia Militar, em versão preliminar, afirmou que o jovem estava em linha cruzada do conflito e teria morrido após traficantes abrirem fogo e jogarem granadas contra os policiais.

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João Pedro é mais uma vítima da violência policial

Já os jovens que estavam juntos de João Pedro brincando, acusam a polícia de ter entrado na casa do adolescente jogando bombas de gás lacrimogêneo e atirando. Mesmo depois de terem ouvido os gritos das crianças afirmando que haviam crianças na linha de tiro, os fardados continuaram a abrir fogo. João Pedro ficou caído no meio da sala.

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O adolescente foi levado por um helicóptero da Polícia a uma base aérea na zona sul do Rio, mas já chegou sem vida, por volta das 15h, segundo o Corpo de Bombeiros. Os parentes foram impedidos de entrar no helicóptero e passaram a madrugada à procura de João Pedro. Foi somente na madrugada de terça-feira que seu corpo deu entrada no IML, às 4h da manhã.

As armas de três agentes da polícia foram apreendidas. “Os agentes continuarão na Core exercendo atividades administrativas. A CGPOL instaurou sindicância administrativa disciplinar para apurar a conduta dos policiais civis que participaram da ação”, afirmou a Polícia Civil em nota.

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Segundo o Atlas da Violência, em 2019, a cada uma hora e meia, a polícia mata uma pessoa no Brasil. Entre 2012 e 2018, a letalidade policial subiu 166,7%. Os mortos, claro, possuem cor: são quase todos negros. Até quando?

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Agátha Felix, criança de 8 anos assassinada pela PM carioca no fim do ano passado, e João Pedro são apenas alguns dos jovens  negros mortos pela Polícia do Rio de Janeiro, que segue com sua letalidade costumeira, sobredtudo contra negros e pobre. Em 2019, uma a cada três pessoas assassinadas no Estado do Rio foram vítimas da Polícia. O governador Wilson Witzel, entretanto, avisou que era pra “mirar na cabecinha”.