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Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO (Arquivo)

Homem que matou estafeta da Telepizza em Braga condenado a 4 anos de pena suspensa

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O homem que atropelou mortalmente um estafeta da Telepizza, em Braga, foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa, acusado dos crimes de homicídio qualificado com negligência, omissão de auxílio e condução sob efeito de embriaguez. Terá ainda de pagar uma indemnização de 2 mil euros a uma instituição de reabilitação de vítimas de acidentes rodoviários e fica proibido de conduzir durante um ano.

Segundo o tribunal, o empresário, que possui uma garagem de estacionamentos na cidade de Braga, não só cometeu o crime de homicídio qualificado, ao colidir e atropelar o jovem João Luís, como ainda se colocou em fuga, escondendo o carro na dita garagem. Terá ainda agredido os polícias que o tentaram deter, mas acabou por ser absolvido desse crime.

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Durante o julgamento, o arguido admitiu lembrar-se de grande parte do que aconteceu na noite de 16 de agosto de 2018, mas negou sempre a responsabilidade pelo embate e atropelamento, dizendo que não se lembrava desse facto em particular.

Apesar da tentativa de se ‘esquivar’ à sentença de homicídio, os juízes não colheram as alegações, referindo mesmo que o arguido, de 64 anos, possuía “memória seletiva”. Por estar inserido na sociedade, acabou por ver a pena de cadeia ser suspensa, para insatisfação da família e da defesa, a cargo de Rui Santos, com escritório em Braga.

O advogado disse a O MINHO que a família ficou satisfeita com o número de anos da pena mas não concordou com a suspensão da mesma. “Ainda não sei se a família irá recorrer para as instâncias superiores, mas é certo que tanto a Relação como o Supremo costumam decretar que este tipo de penas seja efetiva, mesmo que para isso seja necessário reduzir o tempo a cumprir”, explicou Rui Santos.

A família já terá recebido uma indemnização pela morte do jovem, pago pela companhia de seguros do automóvel envolvido no sinistro. Segundo o advogado, a seguradora deverá agora exigir o dinheiro ao condenado. Os valores não foram revelados por respeito à privacidade da família.

O crime

João Luís Silva, à data com 23 anos, descia na faixa de rodagem correcta na EN 101, à face da Variante do Cávado, sentido Braga – Vila Verde, quando foi surpreendido pelo automobilista que seguia em contramão, numa curva, acabando por ser abalroado e atropelado, causando-lhe um traumatismo cranioencefálico que o levou à morte, já dentro da ambulância, a caminho do Hospital de São João. Colocou-se depois em fuga até ao parque de estacionamento subterrâneo que possui em Braga, para esconder o veículo acidentado.

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Na altura, a PSP seguiu o rasto de destruição deixado pelo condutor, com peças que foram caindo do automóvel ao longo da trajetória seguida até ao centro. Estaria a tentar esconder o automóvel quando foi detido, proferindo ameaças e injúrias aos agentes, chegando mesmo a agredir um deles quando o tentava manietar. Após teste de álcool, acusou 1,582 gramas por litro.

Consternação e homenagens

A morte de João Luís, um jovem estudante do mestrado de engenharia eletrónica da UMinho e antigo atleta de artes marciais do SC Braga que trabalhava como estafeta na Telepizza do Retail Center de Braga, chocou a comunidade bracarense, sobretudo pela forma como o homicida tratou o caso, pondo-se em fuga sem prestar ou chamar auxílio.

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Foi sepultado dois dias depois em Trandeiras, Braga, sob uma enorme manifestação de pesar dos colegas da telepizza e da universidade, para além da família e restantes amigos.