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Antonio Della Croce, AbbVie (foto cedida pelo próprio)

“Há oportunidade para a AbbVie crescer mais em Portugal”

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Antonio Della Croce, diretor-geral da AbbVie, fala ao Dinheiro Vivo sobre integração da Allergan no grupo, as perspetivas de futuro e o que Portugal traz à farmacêutica.

A AbbVie acaba de concretizar a compra da fabricante do botox. O que significa este negócio para vocês? Novas áreas de investimento?

Esta é a maior aquisição que a nossa empresa fez até à data. A aquisição da Allergan representa um marco fundamental para a AbbVie, os seus colaboradores, investidores e para os doentes em todo o mundo. Com a integração da Allergan, a AbbVie torna-se a quarta maior companhia farmacêutica do mundo. Expandimos e diversificamos, no imediato, o nosso portefólio de produtos no mercado, alcançando uma posição de liderança num amplo leque de áreas terapêuticas.

Mas não queremos ficar apenas pelos produtos que temos atualmente no mercado. Queremos ir além, construir um futuro promissor e continuar a fazer um forte investimento no nosso pipeline. A solidez financeira que resulta desta aquisição vai permitir-nos continuar a investigar e desenvolver medicamentos inovadores em áreas terapêuticas críticas, onde persistem necessidades médicas por satisfazer.

Em suma, esta nova AbbVie, que une a experiência e o know-how de duas companhias farmacêuticas com um importante legado histórico, será uma AbbVie mais forte, com um crescimento sustentado a longo prazo e capaz de causar um impacto notável na vida de um número cada vez maior de pessoas.

Como fica o portfolio da companhia com a integração da Allergan? Que áreas terão maior peso? E em que áreas se estreiam assim, ganhando experiência, produto e clientes de uma só vez?

Com a aquisição da Allergan, a AbbVie reforça a sua posição de liderança na Imunologia, área onde tinha já uma forte tradição com tratamentos inovadores para doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, a psoríase e a doença inflamatória intestinal. Reforçamos também a nossa posição na Hemato-Oncologia, onde temos já tratamentos para cancros do sangue, mas queremos vir a disponibilizar soluções para tumores sólidos.

A integração da Allergan permite-nos ainda explorar novas oportunidades nas Neurociências, uma área onde persistem muitos desafios. Além da doença de Parkinson, passamos também a oferecer tratamento para a esquizofrenia, transtorno bipolar e enxaqueca crónica.

Quanto a estreias, a grande novidade para a AbbVie é a entrada no mercado da Oftalmologia e da Medicina Estética, onde a Allergan é líder, possui uma vasta experiência e um portefólio com produtos mundialmente reconhecidos.

Manteremos, obviamente, outras importantes áreas para a AbbVie, como a Virologia, onde estamos determinados em eliminar a hepatite C até 2030 e outras áreas onde os doentes têm ainda poucas opções de tratamento. Da fusão dos conhecimentos e experiências de ambas as companhias resulta um importante e diversificado portefólio com cerca de 30 marcas, que no seu conjunto permitem tratar mais de 60 condições.

Qual é o investimento médio anual da AbbVie em I&D? Alterou-se neste contexto de covid? Têm alguma área dedicada à pandemia?

Em 2019, a AbbVie investiu 5 mil milhões na investigação e desenvolvimento de novos medicamentos inovadores, com o potencial de tratar mais de 1,3 mil milhões de pessoas em todo o mundo. Esta área tem sido de facto uma das nossas prioridades, pois é nossa intenção continuar a procurar e encontrar soluções terapêuticas inovadoras para os muitos desafios de saúde que o mundo enfrenta. Queremos usar a nossa experiência para desenvolver medicamentos para doenças em que os doentes têm ainda poucas opções de tratamento.

Relativamente à Covid-19, desde o início da pandemia que a AbbVie mobilizou todos os esforços para contribuir na resolução desta crise sanitária. Desde o primeiro dia, temos estado focados na saúde e segurança dos nossos colaboradores, profissionais de saúde e doentes. A nossa prioridade foi sempre a de garantir que os doentes continuassem a ter acesso aos medicamentos de que precisam e, simultaneamente, contribuir para os esforços de investigação. Nesse sentido, a AbbVie tem trabalhado em estreita colaboração com as autoridades de saúde e tem apoiado, a nível global, estudos clínicos e investigação básica relacionadas com a Covid-19.

Mas porque consideramos que é também nosso dever apoiar quem trabalha no terreno, a AbbVie fez também um donativo de 35 milhões de dólares para apoiar as organizações que estão na linha da frente no combate contra a pandemia. Mais do que nunca, é nosso dever assumir um papel ativo na resolução desta crise sanitária sem precedentes e ir além da própria medicina, ajudando de todas as formas que estiverem ao nosso alcance, pois todos os esforços são bem-vindos e necessários.

Há planos para Portugal? Serão introduzidas mudanças ou haverá uma expansão do negócio aqui?

Uma integração acarreta naturalmente mudanças e é um processo algo demorado. Sabemos que os próximos meses serão meses de adaptação e de grande exigência, com tudo o que um processo desta dimensão implica ao nível de múltiplos processos internos. Mas não temos dúvida que seremos bem-sucedidos nesta integração e que continuaremos a cumprir a nossa missão de causar um impacto notável na vida das pessoas, porque os doentes são a razão da nossa existência.

No imediato, a estrutura local da AbbVie vai crescer com a integração dos novos colegas. Estamos extremamente felizes e satisfeitos por acolher as equipas da Allergan, que partilham connosco a mesma paixão pela inovação terapêutica e pelo serviço aos doentes. A médio e longo prazo, acreditamos que esta aquisição poderá representar uma oportunidade para a AbbVie crescer ainda mais em Portugal.

De um modo geral, não estão previstas alterações no negócio, ou seja, continuaremos a assegurar a nossa atividade como habitualmente. Apesar de este ser um passo gigantesco e transformador para a AbbVie, o fundamental para nós é que a AbbVie continue a ser um importante parceiro e um parceiro de confiança das autoridades nacionais, instituições de saúde, profissionais de saúde e doentes portugueses.