Homem viveu quase um ano numa torre em protesto contra a Samsung
by JN/AFPUm trabalhador que tinha sido despedido pela Samsung desceu de uma torre de 25 metros onde tinha estado durante quase um ano, em Seul, na Coreia do Sul, após chegar a acordo com a gigante da tecnologia.
Kim Yong-hee, de 60 anos, diz que foi despedido pela Samsung em 1995 por tentar criar um sindicato. Passou as últimas décadas a realizar protestos contra a empresa, a exigir a readmissão e um pedido de desculpas. O último ato de protesto foi subir a uma torre onde estão instaladas câmaras de trânsito da capital sul-coreana.
Resistiu nas alturas durante 354 dias, contando com a ajuda de apoiantes que lhe levavam comida, roupa, baterias de telemóvel, e diversos artigos que içava com uma corda. Esta quinta-feira, chegou a acordo com a empresa e voltou a tocar o chão, depois de descer da torre com uma corda. Os pormenores do entendimento não são ainda conhecidos.
À Agência France-Presse (AFP) contou que viveu num espaço tão exíguo que nem sequer conseguia esticar as pernas. "Tive ataques de pânico e tive de lutar constantemente contra o desejo de saltar", afirmou. "Espero que a Samsung agora garanta realmente todas as atividades sindicais a todos os funcionários", acrescentou.
A decisão de Kim de terminar o protesto acontece algumas semanas depois do herdeiro do império Samsung, Lee Jae-yong, atualmente em julgamento por acusações de corrupção, pedir desculpas pela política anterior da empresa que impedia os trabalhadores de promover ou participar em atividades sindicais, e que esteve em vigor durante décadas, até ser corrigida no ano passado.
A Samsung pediu desculpas a Kim através de um comunicado por "não conseguir resolver rapidamente o problema".
O piquete aéreo de Kim foi "um esforço sobre-humano", disse à AFP Vladimir Tikhonov, professor de Estudos Coreanos na Universidade de Oslo. "A Samsung manteve-o no ar durante um ano, demonstrando assim a outros possíveis ativistas das suas fábricas que, caso desejem uma luta, a luta será cruel", observou.
A Samsung é o maior dos conglomerados controlados por famílias, ou "chaebols", que impulsionaram a ascensão da Coreia do Sul à 12.ª maior economia do mundo.
A tecnológica é responsável por um quinto do produto interno bruto nacional e é crucial para a saúde económica do país. A sua subsidiária, a Samsung Electronics, é também a maior fabricante de smartphones do mundo.