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Fotografia: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

A poupança num mundo em mudança

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A poupança é o resultado de quem foi previdente e a segurança de quem se dispôs a determinado sacrifício para se acautelar perante um futuro incerto

Os níveis de poupança dos portugueses têm vindo a diminuir. Segundo dados do INE e da Pordata, a taxa de poupança das famílias era de 14,8% em 1995, sendo que em 2019 esse número já tinha sofrido uma redução para menos de metade, cifrando-se em 6,7%. A tendência ao longo destes anos foi linear, registando-se um decréscimo consistente. Mas com algumas exceções: durante anos de crise financeira, nomeadamente em 2009 e 2012, este ciclo inverteu. Em 2009 subiu dos 7,3% para 11,9% e em 2012 dos 8,8% para os 10,2%.

A poupança em tempos de crise não é um tema fácil, em especial num momento de tanta incerteza sobre a verdadeira dimensão da situação atual de pandemia na economia e o consequente impacto nas nossas vidas. Qualquer estimativa corre o risco de sofrer da mesma falta de certeza de que todos sofremos neste momento.

Contudo, começamos agora a regressar, lenta e cautelosamente, a um estado de nova normalidade económica, onde esperamos recuperar os nossos saudosos hábitos de vida e consumo. É saudável que assim seja. No entanto, é também saudável, nestes tempos de mudança, estar preparado para um qualquer futuro que se avizinhe e relembrar que o consumo de hoje é a poupança de ontem. A poupança é o resultado de quem foi previdente e a segurança de alguém que se dispôs a determinado sacrifício para se acautelar perante um futuro incerto. Para garantir um determinado futuro, uma determinada reforma, o poder de opção, é necessário estar disposto a compromissos no presente.

Ao aumentarmos coletivamente a taxa de poupança (ainda que em níveis historicamente baixos quando comparada com década de 80), estaremos a constituir uma almofada que permite não só diminuir a dependência junto dos mercados financeiros como aumentar a capacidade de reduzir o impacto perante novas crises.

Adicionalmente, poupar via aforro, diversificando o investimento através de produtos financeiros, é uma forma de tornar mais forte a economia. Isto permite canalizar recursos para as atividades económicas que sustentam a atualidade e que serão um importante alicerce no nosso futuro, por esforço do seu desenvolvimento e investimento. É certo que sempre haverá riscos, pelo que é aconselhável optar por soluções de poupança e investimento ajustadas ao perfil de risco e capacidades de cada um.

A oferta disponibilizada, em Portugal, inclui duas famílias de produtos. Por um lado, os Planos Poupança Reforma e os Seguros de Capitalização com capital garantido, em alguns casos com garantia de taxa de rentabilidade na primeira anuidade. Por outro, os Seguros de Vida ligados a fundos de investimento, que são produtos sem capital garantido, também com a designação frequente de ICAE ­– Instrumentos de Captação de Aforro Estruturado. Aqui também se enquadram os Unit Linked, que são produtos financeiros complexos e podem ter a forma de PPR ou de Seguro de Capitalização.

Nos últimos anos, desde a introdução da Diretiva Europeia Solvência II, que o sector revela uma tendência de redução da oferta associada a produtos com rendimento fixo e, mais recentemente, com capital garantido. Neste contexto, torna-se oportuno contar com um apoio independente e especializado, de forma a conhecer e selecionar, as melhores alternativas para aplicar as poupanças, perante uma nova realidade de produtos financeiros adaptados às novas exigências do sector.

A constituição individual de poupança é crucial para acautelar o futuro. A duração da atual crise e a necessidade de equilibrar a economia afetarão a vida de todos e marcarão a dimensão do esforço contributivo futuro de cada um. Este período de incerteza terá como reflexo um aumento dos compromissos futuros e que resulta, teoricamente, na necessidade de estarmos mais preparados para enfrentar os desafios que daí resultam.

Um dos ativos mais importante nas nossas vidas é a segurança. É um conceito básico de sobrevivência, pois desejamos saber aquilo com que podemos contar no futuro ou, no mínimo, estarmos preparados para os vários cenários. É por isso mesmo que, apesar do momento sensível, não existe futuro sem poupança.

 

Nuno Leitão, senior adviser – Unit Linked Life Insurance Solutions da MDS