Doria diz não se 'submeter a pressão de prefeitos' e mantém isolamento na Grande SP
Cidades vizinhas não estão na primeira fase de reabertura do estado e questionam decisão
O governador João Doria (PSDB) disse nesta sexta-feira (29) que não se “submete a pressão de prefeitos” e manteve a decisão de não liberar a reabertura gradual nas cidades da Grande São Paulo, que foram subdividas em regiões para futura análise de liberação. As prefeituras questionam as novas regras de quarentena.
Segundo Doria, as cidades vizinhas a capital não foram incluídas na reabertura por não terem quantidade de leitos considerada suficiente para o atendimento de pacientes com coronavírus. Ele disse que a reavaliação só será feita após a expansão da rede de saúde.
“A gente não se submete a nenhuma forma de pressão, nem de prefeitos, nem de parlamentares e nem do presidente. A orientação sempre foi a da ciência. Foi sempre assim e continuará sendo assim”, disse o governador.
Após o anúncio da última quarta (27) que liberou a reabertura dos comércios na capital paulista, mas deixou de fora as cidades da região metropolitana, os prefeitos da Grande São Paulo passaram a questionar a decisão. Inclusive aliados de Doria, cobraram isonomia na decisão do governo.
Doria anunciou que dividiu a Grande São Paulo em cinco regiões de saúde para ter uma "análise mais precisa de critérios públicos de saúde para a retomada consciente da economia" nessas cidades, o que vai permitir nas próximas tomar a decisão sobre reabertura.
A liberação para a reabertura comercial nas subregiões da região metropolitana vai depender da quantidade de leitos, casos de infecção, número de internados e mortes.
A divisão foi feita pelas cidades da região norte, Alto Tietê, Grande ABC, regiões dos Mananciais e Rota dos Bandeirantes. Doria disse que a subdivisão foi discutida e negociada com os prefeitos das 38 cidades.
Segundo o governador, o que permitiu incluir a capital entre as cidades com reabertura do comércio, foi a ampliação do número de leitos.
"Concordamos que esse é o melhor modelo para se analisar a região, separado da capital, e separados entre eles também pelas diferenças, no que tange a capacidade de saúde. Explicamos como é importante aumentar a capacidade de atendimento de saúde nesses locais", afirmou Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional.
Segundo os dados do governo, 90% da população do estado estão em cidades na fase de “atenção ou controle”, ou seja, em que haverá algum tipo de retomada das atividades comerciais. O vice-governador, Rodrigo Garcia, disse ser “natural” o questionamento dos prefeitos que não tiveram suas cidades incluídas nessa fase de reabertura.
“É natural os prefeitos querem compreender e fazerem colocações mais críticas. Mas a atuação aqui é com diálogo, pactuação. Seria mais fácil prorrogar a quarentena em todo o estado, porque a epidemia não vai embora amanhã. Mas optamos não por um trabalho mais fácil, mas mais cuidadoso”, disse Garcia.
Liberação
Apesar da liberação para a reabertura de alguns setores na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) destacou que nenhum estabelecimento está apto para voltar ao funcionamento na próxima segunda (1º). Ele disse que haverá, inclusive, o reforço na fiscalização até que os protocolos para a retomada das atividades sejam analisados pela Vigilância Sanitária do município.
“Nada reabre em 1º de junho. A partir de 1º de junho, a gente passa a receber os protocolos para considerar a reabertura, considerando as regras de distanciamento social, higiene, orientação aos clientes, horários alternativos de funcionamento”, disse. O prefeito informou que não há um prazo para a avaliação da vigilância.