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O primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Finanças, Mário Centeno
© MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Exportações e turismo afundam 9,6% e geram recessão de 2,3% no 1º trimestre

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Recessão de 2,3% no primeiro trimestre é o pior registo desde o início de 2013, mas foi menos má do que dizia a estimativa rápida (-2,4%)

A economia portuguesa registou uma contração de 2,3% no primeiro trimestre face a igual período do ano passado, o pior registo em sete anos, arrastada pelo consumo privado, pelo investimento e pelas exportações, indicou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), no destaque sobre as contas nacionais trimestrais.

O INE sublinha que a procura externa prejudicou mais a evolução da economia do que a procura interna, apesar da queda do consumo e do investimento total, e dá conta de um colapso de quase 10% em termos homólogos nas exportações de serviços, onde se inclui o turismo, atividade que travou a fundo em março (por causa da crise pandémica) e praticamente congelou a partir daí.

O valor de -2,3% para a evolução a economia como um todo é, ainda assim, ligeiramente menos negativo do que o avançado há duas semanas, na estimativa rápida (-2,4%).

Segundo o INE, "as exportações de bens e serviços em volume registaram uma variação homóloga de -4,9% no 1º trimestre, após o crescimento de 6,2% no trimestre anterior".

"Para esta evolução, é de destacar a diminuição mais acentuada das exportações de serviços, com uma taxa de variação homóloga de -9,6% (+3% no trimestre anterior), sobretudo em consequência da contração da atividade turística", sendo que "as exportações de bens também diminuíram, passando de uma variação homóloga de +7,7% para -2,7% no 1º trimestre".

A interrupção no turismo, nas viagens de negócios e nos eventos internacionais também se nota noutras medidas do INE. Por exemplo, "o consumo privado no território económico, refletindo a expressiva redução da despesa efetuada por não residentes, registou uma taxa de variação homóloga de -2,2% no 1º trimestre de 2020, após um crescimento de 2,7% no trimestre anterior".

O instituto recorda que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu os referidos 2,3%, em volume, "após o aumento de 2,2% no trimestre anterior".

"A contração da atividade económica refletiu o impacto da pandemia covid-19 que se fez sentir de forma significativa no último mês do trimestre", sendo que "o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB passou de positivo no 4º trimestre a negativo (de 1,1 pontos percentuais (p.p.) para -1,3 p.p.)".

Como referido, as exportações totais cederam 4,9%, mais do que as importações, que recuaram 2%.

"A procura interna apresentou um contributo negativo (-1,1 p.p.), pela primeira vez desde o 3º trimestre de 2013, em resultado da diminuição do consumo privado e do investimento."

Menos carros, mais comida

O consumo das famílias, que representa grosso modo quase dois terços da economia, desceu 1,1% face ao primeiro trimestre de 2019. Estava a crescer 2% na reta final do ano passado.

O INE dá conta de "uma acentuada redução (-5,3%)" na despesa das famílias residentes em bens duradouros, "refletindo principalmente uma queda das aquisições de veículos automóveis".

Já a componente de bens não duradouros e serviços caiu, mas apenas de forma ligeira (-0,7%). O INE assinala que esta moderação reflete "um crescimento mais acentuado na componente de bens alimentares no 1º trimestre".

Notícia em atualização no Dinheiro Vivo