A estranha anomalia enfraquecendo o campo magnético da Terra parece estar se dividindo
by Liliane JochelaviciusO campo magnético da Terra está enfraquecendo de forma gradual em uma área que se estende da América do Sul até a África. Cientistas usam dados dos satélites da missão Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), para compreender melhor o que ocorre nessa área chamada Anomalia do Atlântico Sul.
O campo magnético da Terra gerado no núcleo líquido do planeta é fundamental para a vida. Esse campo varia em força e direção. Nos últimos 200 anos ele perdeu cerca de 9% de força na média global. Essas reduções são relevantes e são monitoradas. Isso porque o campo magnético protege a Terra de ventos solares e radiação cósmica, além de determinar os polos magnéticos.
De acordo com a ESA, os efeitos mais significativos da Anomalia do Atlântico Sul, no momento, são limitados a interferências em satélites artificiais e espaçonaves na órbita inferior terrestre. Porque ao passar pela região, em especial, podem ser expostos a grande volume de partículas carregadas de radiação. A anomalia não provoca alarme até o momento.
Em constante mudança
De 1970 até agora a força mínima de campo na região caiu de cerca de 24 mil nanoteslas para 22 mil nanoteslas. A área da anomalia também cresceu e se moveu para oeste, cerca de 20 quilômetros por ano. Um segundo centro de intensidade mínima surgiu nos últimos cinco anos no sudoeste da África. Isso indica que a anomalia pode se dividir em duas. Esse novo ponto apareceu na última década e se desenvolveu vigorosamente nos últimos anos.
Ainda é um mistério o motivo de isso estar ocorrendo. O desafio agora é compreender os processos no núcleo do planeta que provocam essas mudanças. Cientistas usam dados dos satélites da ESA para compreender melhor a anomalia.
Especula-se a possibilidade de o atual enfraquecimento representar uma eminente inversão do polo magnético da Terra. Ao longo da história essas trocas de lugar entre polos magnéticos norte e sul ocorreram diversas vezes. Essas mudanças acontecem, aproximadamente, a cada 250 mil anos. De acordo com nota da ESA, embora já estejamos “atrasados” nessa média de tempo, a queda de intensidade pela qual passamos está dentro do que é considerado como níveis normais de flutuação. [Science Alert, ESA]