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Fotografia: Pedro Granadeiro / Global Imagens

Greve CTT. Adesão de 18,5%, diz empresa. Sindicato fala de 92%

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Em causa está o pagamento do subsídio de refeição por cartão em vez de transferência com o salário mensal.

A greve nos CTT teve uma adesão de 18,5% até às 12h de acordo com a empresa, o sindicato fala de uma adesão inicial na central de Lisboa de 92%. A greve foi convocada para contestar a adoção feita pelo operador postal do pagamento do subsídio de refeição em cartão e não por transferência com o salário, como até agora. Há uma nova convocatória de greve para 12 de junho.

Uma adesão de 18,5% até às 12h de sexta-feira são os valores apresentados pelos CTT, depois do registo no sistema de processamento de vencimentos dos trabalhadores aderentes à greve. Uma adesão “sem impacto expressivo na atividade da empresa.”

“A distribuição postal continua, portanto, a ser prestada durante o dia de hoje, não tendo esta paralisação tido impacto na atividade e operação, não se sentindo qualquer interrupção do serviço aos clientes. No respeitante às lojas CTT, a greve também não afetou o serviço, uma vez que todas as 544 lojas CTT se encontram abertas”, informa os CTT em nota de imprensa.

Nos locais onde eventualmente se sentirem eventuais constrangimentos os CTT, “caso seja necessário”, a empresa vai “proceder a uma distribuição extraordinária de correio nos próximos dias”, informa o operador postal.

“O fundamento para esta greve, a decisão de pagamento do subsídio de refeição através de cartão-refeição aos colaboradores que ainda não tinham optado por essa via, não tem qualquer razão de ser e procura reagir à quebra de proveitos decorrente do atual contexto que vivemos e defesa da sustentabilidade da empresa, sem nunca prejudicar os rendimentos dos seus colaboradores”, argumenta os CTT sobre os motivos desta paralisação.

O que dizem os sindicatos

“Isto que a administração dos CTT tem vindo a fazer de imposição deste cartão de refeição que foi ‘a mola’ que espoletou esta unidade entre os trabalhadores veio trazer à luz do dia as consequências que a privatização tiveram não só para os seus trabalhadores, mas também para os serviços que esta empresa faz no país”, referiu Isabel Camarinha, a secretária-geral da CGTP, presente no centro de Cabo Ruivo no arranque da greve, às 00h00 de sexta-feira.

“A adesão é de 92%, em 100 trabalhadores que estavam escalados houve oito colaboradores que furaram a greve”, disse o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Victor Narciso, aos cerca de 40 trabalhadores dos CTT que estavam concentrados nas traseiras da Estação de Cabo Ruivo, em Lisboa, citado pela Lusa.

Este valor inicial diz respeito apenas a esta central dos CTT, a única a funcionar neste momento, e ao turno da noite para tratamento e transporte. Em greves anteriores a percentagem de adesão esteve entre 50% e 60%, segundo Victor Narciso.

A greve vai decorrer até sábado e abrange os trabalhadores dos CTT Expresso e dos CTT – Correios de Portugal, englobando a rede de distribuição postal (carteiros) e a rede de atendimento (Lojas CTT), porém não contempla a rede de Postos de Correio explorados por parceiros dos CTT, nem os agentes que prestam serviços de pagamento PayShop.

Os trabalhadores não aceitam a proposta de atribuição de um cartão de refeição como forma de pagamento do subsídio de alimentação, substituindo, assim, o pagamento no vencimento mensal por transferência bancária, como tem sido feito até ao momento.

Foi a ‘gota de água’ e que esta greve engloba também todas as outras reivindicações dos trabalhadores, diz Vitor Narciso. Houve “uma convergência para lutar pelas condições de trabalho, pelos salários, por uma série de questões além do cartão de refeição”, explicou.

O sindicato também apresentou um segundo pré-aviso de greve para 12 de junho.

Os dirigentes da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, e da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), Isabel Camarinha, também estiveram presentes no arranque da greve. Os deputados do PCP Bruno Dias e do BE Isabel Pires também se juntaram a estes trabalhadores para marcar o início do protesto.

Isabel Pires considerou que o cartão de refeição como nova modalidade para pagar o subsídio de alimentação é “prejudicial para os trabalhadores e apenas beneficia” a administração e é apenas mais um exemplo de uma empresa “que não tem qualquer pingo de respeito” com as funções exercidas.

Já o deputado comunista afirmou que “os trabalhadores dos Correios, quando fazem hoje esta luta, estão a lutar não só por si, mas também estão a lutar pelo país”.

Em 21 de maio, a Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios (ANCEC) manifestou a “sua discordância em relação à greve geral convocada por alguns sindicatos dos CTT”, de acordo com um comunicado.

A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED) dos CTT demarcou-se também da greve de hoje, uma vez que “não se revê” neste gesto de protesto, que é lesivo “dos interesses dos trabalhadores”.

*Com Lusa