Europa acelera desconfinamento pelo coronavírus entre temores de nova onda na Ásia

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Desinfecção de estação de metrô em Moscou, Rússia, em 28 de maio de 2020 - AFP
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Visitantes passam por placas lembrando-os das precauções sanitárias que devem tomar ao entrar no hospital Saint-Louis, em Paris, em 28 de maio de 2020 - AFP
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Funcionário com traje de proteção escava túmulo de vítima de coronavírus no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, em 28 de maio de 2020 - AFP
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Desinfecção de um bazar em Istambul (Turquia) para combater o coronavírus, 28 de maio de 2020 - AFP

A Europa acelerou seu desconfinamento nesta sexta-feira (29), enquanto a pandemia de coronavírus continua a avançar nas Américas, com mais de 1.000 mortes em 24 horas nos Estados Unidos e no Brasil, e na Ásia cresce a preocupação com uma nova onda.

Nos cinco meses desde o aparecimento em dezembro do coronavírus em Wuhan, na China, a COVID-19 matou cerca de 360.000 pessoas e infectou mais de 5,8 milhões, segundo dados oficiais, provavelmente muito abaixo da realidade.

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O impacto do vírus também tem sido letal para a economia mundial.

Na França, a montadora Renault anunciou o corte de cerca de 15.000 empregos em todo mundo, 4.600 deles na França. Também informou que “adaptará” suas capacidades na Rússia e suspenderá seus projetos no Marrocos e na Romênia.

Sua parceira japonesa Nissan já havia anunciado na quinta-feira o fechamento de sua fábrica em Barcelona (Espanha) e a redução de 20% de suas capacidades até 2023.

Já o PIB da Itália e da França caíram 5,3% no primeiro trimestre como resultado da pandemia, segundo dados publicados nesta sexta.

Duramente atingida pela pandemia, com 175.760 óbitos em meio a dois milhões de casos, a Europa continua seu desconfinamento após a desaceleração da propagação do vírus.

As fronteiras externas da União Europeia permanecem fechadas, e as internas serão reabertas gradualmente.

Neste mundo globalizado, o fechamento de fronteiras significou um revés nas relações pessoais.

“É realmente difícil não poder sentir fisicamente nenhuma intimidade, dar um beijo, ou abraço”, disse à AFP Melinda Schneider, canadense de 26 anos, que não vê seu namorado dinamarquês há mais de quatro meses.

– Volta do futebol –

 

Na tentativa de recuperar a normalidade, a Áustria reabre seus hotéis e infraestruturas turísticas, e a Turquia reabre parcialmente suas mesquitas.

No Reino Unido, escolas e lojas poderão abrir a partir de segunda-feira.

Na França, museus, parques e cafés serão abertos na terça-feira (no caso de Paris, será permitido comer apenas nos terraços) e estarão autorizados deslocamentos de mais de 100 quilômetros de casa.

O futebol também retorna. A Alemanha retomou o campeonato em meados de maio. Espanha, Inglaterra e Itália anunciaram na quinta-feira que farão o mesmo.

Para a Premier League, a mais vista do mundo, será necessário aguardar até 17 de junho, após a Liga Espanhola (semana de 8 de junho) e logo antes da Itália (20 de junho).

– Preocupação no Brasil –

Nas Américas, o novo coronavírus continua fazendo estragos, com mais de 1.000 mortes em 24 horas nos Estados Unidos e no Brasil.

País mais afetado no mundo com mais de 1,7 milhão de casos, os Estados Unidos registraram menos de 700 mortes em 24 horas durante três dias, mas a curva subiu novamente na quarta e quinta-feiras, com 1.401 e 1.297 mortes, respectivamente.

O país superou a cifra simbólica de 100.000 mortes e, ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, ofereceu condolências às famílias das vítimas do vírus.

Na Pensilvânia, o silêncio de um parlamentar republicano sobre a pandemia provocou a fúria dos democratas.

Ao contrário de Nova York, a cidade mais afetada do mundo, Washington foi relativamente poupada do coronavírus, e a capital dos Estados Unidos começou a suspender as restrições nesta sexta-feira.

 

O Brasil registrou seu terceiro pior dia desde o início da pandemia, com 1.156 mortes e um total de 26.754 casos nas últimas 24 horas. O país também marca, até o momento, o recorde diário de contaminações (26.417), totalizando quase 440.000.

Em um país onde faltam testes, os números reais podem ser até 15 vezes mais elevados, segundo os cientistas.

A crise da saúde é, por vezes, acompanhada por uma crise alimentar, como no nordeste do país.

“Em 26 anos, nunca vi tantas pessoas vivendo angustiadas, ou com fome”, disse a fundadora da instituição de caridade Amigos do Bem, Alcione Albanesi.

“Tudo parou. Mas a fome continua”, ressalta.

Países como Chile e Peru registraram novos recordes nacionais na noite de quinta-feira: o primeiro, em número de mortes (49); e o segundo, de contaminações (5.874).

Alguns países têm uma situação um pouco menos dramática, como a Bolívia (cerca de 300 mortes e 5.400 casos), a ponto de anunciar na quinta-feira o levantamento de parte das restrições a partir de segunda-feira.

– Novas restrições na Coreia do Sul –

 

A situação na Ásia, primeiro continente afetado e que parecia ter deixado o vírus para trás, volta a preocupar, com o surgimento de novos casos.

Até então vista como um exemplo de controle da doença, a Coreia do Sul restabeleceu as restrições após recuperar a normalidade.

Em fevereiro, era o segundo país mais afetado do mundo, atrás da China, antes de conter a epidemia.

Depois que os casos dispararam na quinta-feira, porém, parques e museus serão fechados por duas semanas, e o número de estudantes na região metropolitana de Seul cairá.

Já nesta sexta, os novos casos voltaram a cair, para 58 em comparação com os 79 do dia anterior, o maior aumento em quase dois meses.

Enquanto isso, o Sri Lanka reativará as medidas de confinamento, após registrar seu maior aumento diário – a maioria de cingaleses provenientes do Kuwait e de marinheiros de uma base perto de Colombo.