Hungria diz que plano da UE põe países pobres a financiar os mais ricos
by JN/AgênciasO ultranacionalista primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, descreveu o plano de reconstrução proposto pela Comissão Europeia como "absurdo e perverso", considerando que serão os países pobres da União Europeia que vão financiar os países mais ricos.
"O novo sistema de distribuição [do investimento] é absurdo e perverso, porque dedica mais fundos aos países mais ricos. Algo está errado. Não é uma boa ideia para os países mais pobres financiar os países mais ricos", disse Orbán em declarações à rádio pública Kossuth.
"Não rejeito (o plano), mas é necessário analisá-lo com calma. Esta proposta inclui a distribuição de dinheiro. Isso geralmente significa apoiar os mais pobres", ou seja, "todos contribuem e depois apoiam-se os mais pobres", defendeu.
A Comissão Europeia apresentou na quarta-feira um plano para relançar a economia da União Europeia (UE) após a pandemia da covid-19, que tem como base a criação de um Fundo de Recuperação de 750.000 milhões de euros financiados através de emissão de dívida comum.
Desse montante, 500 mil milhões serão desembolsados através de subvenções a fundo perdido e 250.000 milhões como empréstimos reembolsáveis.
Segundo Orbán, "a criação [desse fundo de] 750.000 milhões não será feita com trabalho, mas sim através de empréstimos", o que "faz acender uma luz vermelha" de perigo.
"Além disso, não só pedimos um empréstimo todos juntos, mas também damos garantias conjuntas de que o vamos pagar", alertou.
De acordo com o plano, a Hungria recebe cerca de 8,1 mil milhões de euros em subvenções do novo fundo e outros 6,9 mil milhões em empréstimos.
Os países mais beneficiados são a Itália e a Espanha - dois dos mais afetados pela pandemia -, já que recebem ajuda não reembolsáveis de 81,8 mil milhões e 77,3 mil milhões de euros, respetivamente.
O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
Já a Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contração recorde de 7,7% do PIB, como resultado da pandemia da covid-19, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.