Licor em dose dupla: após feriado antecipado, clientes prometem fidelidade ao São João
Produtores da bebida favorita nos festejos juninos garantem vendas boas no 24 de junho
by Giuliana ManciniO São João ganhou duas edições em 2020. Pelo menos, no que diz respeito à parte alcoólica da festa. É isso que garantem os produtores e vendedores de licor. Mesmo com o feriado antecipado para a última a terça-feira (26), a turma está confiante que a tradição será mantida e as vendas vão bombar na data oficial, 24 de junho.
"Os clientes estão me falando que vão comemorar duas vezes, nesta semana e depois. Inclusive, já tenho encomendas para o período junino, muita gente já fez o pedido e deixou reservado", disse o empresário Fabio Alves, responsável pela SeuZé - Licor Artesanal.
A empresa foi criada há dois anos pelo nutricionista. Mas a expertise veio muito antes - na verdade, antes mesmo dele nascer. Sua mãe, Lúcia, produz licores desde 1985, em Alagoinhas, dois anos antes de Fabio vir ao mundo. Os sabores eram mais tradicionais, como jenipapo. Ele, então, desenvolveu opções cremosas e criou sua marca, que toca em paralelo à Dona Bonita, de sua mãe.
Os sabores queridinhos dos clientes da SeuZé são chocolate branco com geleia de maracujá (R$ 20) e Leite Ninho com Nutella (R$ 25). Mas há também pitanga (R$ 20), doce de leite (R$ 20), entre muitos outros.
(Foto: Reprodução/Instagram)
No feriado dessa semana, entre domingo (24) e terça (26), a venda ficou entre 120 e 130 garrafas - o que, segundo Fabio, é um crescimento de 30% em relação ao ano passado. Mas, para o São João, ele espera comercializar 200 licores nos dias 22 e 23 de junho. "O povo é raiz, gosta da data certa", afirmou.
O pensamento é o mesmo do casal de estudantes Luiza Rocha e Caio Victor Borges. Eles trazem o licor de Cachoeira para vender em Salvador - e, com o feriado antecipado, viram o estoque de 85 garrafas acabar. Mas nada de desânimo para o São João.
"Vamos pedir uma remessa de 105 licores. Estamos nos preparando para uma venda maior. Esse feriado, serviu para a gente ficar em casa. Mas a festa junina mesmo, que está em nossas cabeças e em nossos corações, é só no dia 24 de junho", comentou Luiza, que vende tudo no boca-a-boca e pelo Instagram. Entre os sabores, estão jenipapo (R$18) e maracujá cremoso (R$ 20).
Para a empresária Maria Nazaré, nome por trás da Licor da Naza, o feriado antecipado trouxe felicidade nas vendas: foram 50 garrafas pedidas pelos clientes, o dobro do que vendia em um fim de semana de maio nos outros anos. Mas, assim como os colegas, acha que o 24 de junho reserva coisas ainda melhores.
"A expectativa é muito boa. Já tenho reservas para o São João. Acho que as pessoas vão comemorar, sim. Em casa, no isolamento social, mas vão comemorar", opinou Maria Nazaré, a Naza. Entre seus sabores, os favoritos dos clientes são chocolate cremoso (R$ 25) e amendoim (R$ 25).
(Foto: Reprodução/Instagram)
Com 21 anos de mercado, completados em março passado, a Licor da Vó Nieta também teve uma boa venda no feriado antecipado e espera que isso se repita no período oficial do São João. Mas essa não é a data principal da venda da empresa. "As vendas sobem 30%. Não dobram nem triplicam", afirmou a sócia Edna Resch.
Na verdade, ao contrário de várias outras marcas, a Vó Nieta não tem um período específico - suas garrafas são procuradas pelos clientes fieis durante o ano todo. A empresa faz licores de fino trato, que podem durar até dois anos desde o processo de seleção de frutas até chegar ao consumidor.
"Nossos clientes prezam pela qualidade - e não pela embriaguez. E preciso manter essa qualidade. Se uma produção está fora do padrão, não vendo. As garrafas que são vendidas, garanto o sabor", disse Edna.
Atualmente, há 135 sabores disponíveis - entre eles, os novos de limão siciliano, pitaia e até pupunha. O carro-chefe é o de açaí, mas Edna também assume ser fã do de morango e de café com leite de cabra. O preço das garrafas varia de R$ 90 a R$ 550 - entre as opções mais caras, está o licor de pétalas de rosa, por exemplo.
(Foto: Reprodução/Instagram)
Por que licor no São João?
Já parou para pensar qual a relação do licor com o São João? Por que é só o mês de junho se aproximar que todo mundo já fica doido para comprar suas garrafas? De acordo com Janio Roque de Castro, professor de geografia cultural da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a resposta envolve quatro fatores.
"Primeiro, é importante lembrar que a bebida está relacionada com o lazer, com a celebração. Está presente nestes momentos - como em casamentos, batizados e até em roda de amigos. Pensando no aspecto sociocultural - afinal, a cultura varia de acordo com os locais e regiões - aqui no Nordeste, temos como tradicional o festejo junino. Que cai em um começo do inverno. Qual bebida posso fazer a partir de ingredientes nordestinos, no inverno?", explicou Janio.
O professor faz um paralelo com a região Sul: por lá, há a festa da uva, regada a vinho, já que esta é uma fruta típica da região. Aqui, a bebida é o licor pois é feito a partir de produtos tipicamente do Nordeste, como jenipapo e umbu, por exemplo.
"São coisas que fazem parte do nosso cotidiano, que eu tenho no quintal de casa. Pensando nisso, entra mais um fator: o lado econômico. O licor é uma bebida acessível, fácil de fazer, e com frutas que estão em nosso entorno. É o que o Nordeste oferece. Outros sabores, como chocolate e doce de leite, foram uma reivenção, adequação do mercado. Assim expressa o dinamismo cultural".
Lives do CORREIO: baiano não será órfão de São João
Você aí que ficou triste porque não vai ter festa de São João por causa das medidas de combate à propagação do novo coronavírus pode começar a se preparar para curtir seu forrozinho de lei. É que o jornal CORREIO está preparando uma série de lives com algumas das melhores atrações juninas para animar os fins de semana que antecedem os dias 23 e 24 de junho, quando se comemora o São João.
A ideia é fazer com que o público aproveite, de sua casa, shows especialmente elaborados para não deixar ninguém órfão do forró. As apresentações acontecem sempre às sextas e sábados de junho, às 19h, no Youtube do CORREIO. Na sexta (5), tem Fulô de Mandacaru, e no sábado (6), Del Feliz. No dia 12 é a vez da Estakazero, enquanto no dia 13 tem Flor Serena. No dia 19 tem Zelito Miranda, e Adelmário Coelho encerra no dia 20.
Ficou com vontade e quer pedir um licor? Veja algumas opções:
SeuZé - Licor Artesanal: há opções que vão desde R$ 18, como cupuaçu, até R$ 25, como Ninho com Nutella ou doce de leite com paçoca. @seuze_licorartesanal no Instagram; e seuzelicor.com.br no site oficial; Whatsapp: (71) 98637-1770.
Licor Da Naza: os preços variam entre R$ 18, como o de pimenta, até R$ 28, de cappuccino. Há ainda opções como milho verde (R$ 25), jaboticaba (R$ 22), banana (R$ 20), entre outros. @licordanaza no Instagram. Whatsapp: (71) 98297-9380.
Luiza Rocha: as garrafas são trazidas de Cachoeira. Os mais pedidos são jenipapo (R$ 18) e maracujá cremoso (R$ 20). @rocha.luiza no Instagram.
Vó Nieta: os licores finos vem em garrafas que são vendidas de R$ 90 a R$ 550. Entre os sabores, estão açaí (R$ 90) e morango (R$ 90). E, na linha dos mais caros, pétalas de rosa ou pitanga negra (R$ 550 cada). @licordavonieta no Instagram. Whatsapp: (71) 99137-3568 e telefone: 3207-2419. Site oficial: licor-da-vo-nieta.negocio.site/
Dagmar Licores: todos os sabores são anunciados por R$ 30 no Instagram (@dagmarlicores). Há opções de tamarindo, jenipapo e cupuaçu.
Licor Trufado da Gabi: quase todos os sabores são vendidos a R$ 32. Há opções como geleia de maracujá, mousse de coco, leite em pó e chocolate branco. Os mais caros são Nutella e amora (R$ 34). Instagram: @licortrufadodagabi.
Licores Tia Maria: os licores caseiros tem preços que vão de R$ 25, como cajá, canela ou maracujá, até R$ 30, como café ou chocolate. Mais informações no Instagram @licorestiamaria.