Giovanna Antonelli lembra parceria com Murilo Benício e curiosidades de 'O Clone': 'Fui o último nome escolhido'

Atriz conta que ainda tem um lenço de Jade guardado, e que treinava dança do ventre durante dez horas por dia: 'Sou obcecada quando tenho um desafio'

Giovanna Antonelli fala da importância de Jade, sua personagem em 'O Clone', reexibida no Viva — Foto: Divulgação/Reprodução Instagram

Lá se vão quase 20 anos e O Clone segue sendo sucesso aqui e no exterior. Como parte das comemorações de uma década no ar, o canal Viva reexibe a história de amor que encanta gerações até hoje, protagonizada pela muçulmana Jade, vivida por Giovanna Antonelli, e o brasileiro Lucas, papel de Murilo Benício. A novela que aborda cultura árabe, clonagem humana e dependência química, em uma mistura de tradição e modernidade, é um marco não só na carreira, como na vida pessoal da atriz.

Em entrevista exclusiva ao Gshow, por e-mail, Giovanna fala da importância desse trabalho em sua trajetória profissional e relembra momentos emblemáticos. Destaque para a química entre o casal Jade e Lucas, que rompeu as barreiras da ficção. O romance da telinha virou realidade e da relação dos atores fora das câmeras nasceu Pietro, que acaba de completar 15 anos.

Murilo Benício e Giovanna Antonelli como Lucas e Jade — Foto: Divulgação

"Com certeza, Pietro é um grande presente nas nossas vidas. Ele já viu (a novela) de relance.... Muito pouco. Achou engraçado (risos). Faz parte dessa geração que não assiste TV", diz Giovanna sobre o filho mais velho. Ela também é mãe das gêmeas Sofia e Antonia, de 9 anos, do casamento com o diretor Leonardo Nogueira.

"Impressionante o poder que as novelas têm. O impacto que causam diretamente na vida das pessoas. Essa então, que roda pelo mundo até hoje, nem se fala! Sinto orgulho de ter feito parte desse projeto tão inovador na época."

Pietro, filho de Giovanna e Murilo, acaba de completar 15 anos — Foto: Reprodução/Instagram

'Casal mais famoso do mundo'

Segundo o Memória Globo, a repercussão da novela rendeu a Giovanna e Murilo o título de casal mais famoso do mundo em 2002, pela versão hispânica da revista "People". A atriz atribui a repercussão, além é claro da química e parceria dos dois em cena, ao roteiro bem escrito pela autora e também ao fato de, na época, a trama não disputar atenção do público com a web.

"Tínhamos um texto espetacular, o que já ajudava 50% do trabalho. Gloria Perez é sensacional. Já fizemos algumas parcerias bem-sucedidas. Não tínhamos acesso à internet na época, o que fazia as pessoas mergulharem e acreditarem ainda mais naquele universo mágico e naquela história de amor", avalia a atriz.

Em 2002, Jade e Lucas foram apontados como o casal mais famoso do mundo pela versão hispânica da revista 'People' — Foto: Divulgação

'Maktub - estava escrito'

Giovanna lembra que não foi a primeira opção como protagonista. Para conseguir o papel principal da novela, ela passou por uma bateria de testes e acredita que conquistou porque "estava escrito", como o bordão "maktub", que foi parar na boca do povo.

"Saí de uma personagem, a Capitu, da novela (Laços de Família, 2000) do Manoel Carlos, que foi um divisor de águas na minha carreira, uma grande oportunidade, e logo entrei na Jade. Estava escrito (risos). Foi um trabalho que tomou uma proporção que ninguém imaginava."

"Um diretor que adoro e respeito, Marcos Schechtman, foi o primeiro a lançar meu nome na roda. Passamos por várias etapas e fui o último nome a ser escolhido. Mas... Era pra ser meu."

Giovanna se diz orgulhosa de ter feito parte de um projeto inovador como O Clone — Foto: Divulgação

Sem medo de ser feliz

O Clone estreou pouco depois dos atentados terroristas de 11 de Setembro em Nova York e Washington, nos Estados Unidos. O receio era de que isso prejudicasse a boa aceitação da trama pelo público, uma vez que um dos núcleos principais era de personagens muçulmanos. Mas Giovanna não se deixou abater e foi na cara e na coragem. A novela de Gloria Perez foi um fenômeno de audiência, e a atriz colhe até hoje os frutos de sua atuação marcante.

"Não tenho esse receio na profissão. Me jogo. E o resultado a gente colhe. Às vezes dá certo, outras não, mas não me intimido. Acredito sempre na personagem, seja ela qual for, do tamanho que for."

O figurino de Jade invadiu o comércio popular — Foto: TV Globo/Gianne Carvalho

Moda árabe

Jade lançou moda, assim como boa parte das personagens da artista. Cerca de 700 peças do figurino foram compradas no Marrocos, entre túnicas, lenços, véus, bolsas, chapéus, vestidos de noiva e joias (colares, pulseiras, brincos e anéis, de prata ou banhados a ouro). Roupas e acessórios viraram febre na época, a ponto de serem replicadas e vendidas no comércio popular. O figurino árabe ganhou as ruas e, da muçulmana, Giovanna guardou um item especial.

"Adoro essa construção, ajudar a montar minhas personagens. Gosto de levar ideias sempre, de trocar. Acho uma delícia todo o processo de criação. Sou apaixonada pelo que faço. Tenho um lenço da Jade guardado."

Por conta da novela, houve um aumento na procura pela dança do ventre em academias — Foto: Divulgação

Dança do ventre

Obstinada, a artista, hoje com 44 anos - na época ela tinha 25 - se dedicou durante horas do dia às aulas de dança do ventre. Tanto que não precisou de dublê e deu show em cena:

"Treinava com a Claudia Censi, uma professora que foi muito querida comigo. Treinava umas dez horas por dia. Sou obcecada quando tenho um desafio. Exigente comigo mesma. Perfeccionista."

Giovanna treinava durante dez horas por dia — Foto: Divulgação

A novela foi comercializada, entre outros países, para Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Moçambique, Peru e Romênia. Foi recorde de audiência em Kosovo e sucesso na Sérvia, Rússia e Albânia. As primeiras cenas foram gravadas em cinco cidades do Marrocos durante 40 dias. Produtores marroquinos deram suporte à equipe brasileira. Ouarzazate, onde foram rodadas imagens românticas de Lucas e Jade, é considerada a “Hollywood do deserto”, por ter servido de cenário para filmes como "Gladiador" (2000) e a "A Jóia do Nilo" (1985). Foi a primeira vez que Giovanna viajou para gravar no exterior.

"Tudo era novidade. Esse olhar para o novo é fantástico e, com certeza, trouxe tanta verdade para nossa história. O mesmo olhar do espectador para uma cultura tão rica. Tudo era diversão. Uma grande família pelas estradas, desertos, com cobras, camelos e um sonho de levar para o Brasil uma história única."

Atriz conta que ainda tem um lenço da personagem guardado — Foto: Divulgação

Como O Clone é uma das novelas mais vendidas, Giovanna conta que é comum ser reconhecida fora do país: "O tempo todo. Quando me param hoje em dia, depois desses 20 anos, digo que já posso ser avó da Jade (risos)."

"Foi a oportunidade de uma grande imersão num universo tão único. Aprender sobre e representar mulheres intensas, vibrantes, com uma cultura tão diferente da nossa, quebrando barreiras entre oriente e ocidente através do amor. Foi uma lição de vida."

Jade é uma das personagens de maior sucesso da carreira da Giovanna Antonelli — Foto: TV Globo Zé Paulo Cardeal