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O Brasil vai sobreviver?

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Embora seja relevante a pandemia provocada pelo vírus chinês no campo da saúde pública, nossa análise se concentrará nos impactos econômicos, políticos e nas contradições expostas por decisões e pautas no âmbito dos poderes do país. As consequências dessa crise são agudas e atingem diretamente empreendedores, investimentos produtivos, bolsa de valores, moeda e empregos, portanto, medidas emergenciais deveriam ter sido apreciadas pelo Congresso Nacional com a devida e correspondente responsabilidade que a crise ainda exige.

A expectativa da população sobre o governo Bolsonaro sempre foi na nítida direção de que ocorreria um enfrentamento sem trégua do sistema de corrupção histórico e à conhecida cooptação do Estado brasileiro por uma elite política divorciada de valores morais. Apesar da sabotagem em curso dessas elites, que ocupam postos centrais em diversas áreas da ordem institucional federal, o presidente segue firme nesse combate de contornos dramáticos, impostos pela chegada do vírus chinês.

É importante lembrar que a agenda conservadora e de recuperação econômica do país desde o início do governo Bolsonaro, foi duramente atacada por setores da esquerda e da imprensa tradicional, cujo interesse dominante sempre foi o de voltar as práticas de arranjos políticos do período petista. O desejo é o de reeditar a comum prática de se utilizar recursos públicos tanto para sustentar as relações políticas como para sustentar a comunicação tradicional e pelas redes sociais.

No ambiente geral pela expectativa de reformas, a participação do Congresso Nacional se destaca de forma diversa e frustrante pelo dano que tem causado ao país ao agir direta e deliberadamente no bloqueio de medidas legislativas propostas e enviadas pelo governo federal para destravar e modernizar a economia. As esperadas reformas estruturais infelizmente não assumiram o protagonismo efetivo na pauta das Casas Legislativas e essa insensibilidade inibe no curto prazo a sinalização da transformação da ordem econômica e social do país.

Observa-se com nitidez que a vontade real predominante no Parlamento é a de transformar novamente o ambiente congressual em um balcão de negócios. É comprovadamente aferível esta afirmação ao acompanhar manifestações de líderes no sentido da tentativa de impor a conhecida política de coalizão ao Poder Executivo.

O Presidente Jair Bolsonaro estabeleceu abertamente que a lisura e o respeito seriam as premissas do fundamento do diálogo nas relações com as instituições, notadamente, com o Congresso Nacional. Contudo, as elites políticas insistem em navegar no mar conhecido do compadrio, do privilégio e do patrimonialismo.

Digno de registro, nessa enorme confusão, é que antigos chantagistas da República começam a voltar a atuar na cena política através das redes sociais, inclusive de forma surpreendente, em canais conservadores. De fato, o sistema tem muitos operadores, que se revezam e se reinventam, mas jamais abandonam seus vínculos profundos e bem estabelecidos com a corrupção. Ressuscitar essas antigas lideranças e promovê-las à condição de analistas-tradutores da conjuntura política é dar a largada para a marcha da insensatez!

No campo econômico, o risco novo de eventual adoção de uma série de medidas de injeção de liquidez é a possibilidade de se voltar à ilusão do Estado planificador da economia com ancoragem em “campeões nacionais”, atrasos na desregulamentação, na redução do tamanho da máquina pública, nas concessões e privatizações. Na medida em que ampliarmos a dívida pública teremos efeitos críticos relevantes no médio e no longo prazo. O PIB brasileiro tem projeção de queda vertiginosa para 2020, some-se a isso a crise cambial, os preços em declínio das commodities atingindo diretamente os países emergentes e o cenário internacional extremamente confuso.

A conjugação desses múltiplos fatores potencializam a crise atual a um nível de destruição jamais colocado em qualquer hipótese de análise ou projeção eventualmente estudada no ano de 2019.

Pontuo, com extrema preocupação, que as lideranças políticas ao manipularem no Congresso Nacional as medidas econômicas de guerra propostas pelo Executivo Federal, levarão, sem dúvida, não só à consolidação da crise fiscal, como também, à ampliação do endividamento público e sem controle, determinando impactos gerais significativos, ato contínuo, contaminando o frágil patrimônio das famílias e acarretando uma profunda recessão.

A resposta para a atual crise provocada, mesmo sem existir qualquer perspectiva naquela época, já estava disponível no Congresso Nacional desde 2019. Independentemente disso, a resposta comum, em síntese, para a crise fiscal e para a crise do vírus chinês, são as reformas estruturais as quais permitirão a retomada dos investimentos internos e externos, dos empregos e os ajustes nas contas públicas tornando o Brasil um país institucionalmente seguro e próspero.

Carlos Dias.

Analista Político.