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Foto: PUNIT PARANJPE/AFP via Getty Images

Na cidade mais populosa da Índia, os pacientes de covid-19 partilham cama

A Índia regista cerca de 165 mil casos e quase cinco mil mortes. Em Mumbai já chegou a haver pacientes a serem tratados ao lado de cadáveres.

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No hospital Sion, em Mumbai, na Índia, a pressão sobre os serviços de saúde é de uma magnitude tal devido à pandemia de covid-19 que os pacientes têm de partilhar camas hospitalares. Atualmente, a Índia regista cerca de 165 mil casos e quase cinco mil mortes.

Fotografias captadas naquele hospital mostram pacientes a partilhar a mesma maca e a mesma botija de oxigénio ou até mesmo deitados no chão, por não haver dispositivos suficientes para todos. As imagens começaram a circular nas redes sociais indianas esta semana e levaram a críticas.

Mumbai tem cerca de 20 milhões de pessoas e é a quinta cidade com a maior densidade populacional do mundo. Nas últimas semanas a covid-19 entrou em força na cidade indiana e não deu ainda sinais de vir a abrandar, o que está a levar ao desespero os hospitais locais, já habituados a terem os serviços cheios, mas nunca como agora. A este problema acresce o facto de vários profissionais de saúde terem ficado doentes, reduzindo a capacidade de resposta dos serviços de saúde.

Este é o mesmo hospital onde, há algumas semanas, foram filmados pacientes a serem tratados para a covid-19 ao pé de cadáveres. 

Cobertos por plástico preto, os corpos estavam ao lado de pacientes sob tratamento. As imagens levaram a população a temer que os hospitais colapsem caso o número de casos de covid-19 no país aumente.

O diretor do hospital, Pramod Ingale, culpa os familiares por não recolherem os corpos e garante que as morgues estão cheias. As regras, contudo, obrigam a que os corpos das vítimas do novo coronavírus sejam removidos do local 30 minutos após ser declarado o óbito.

Depois de Ingale ter sido removido do cargo de diretor, o novo responsável afimou ao jornal britânico que "coisas como estas não vão voltar a acontecer". "O ponto essencial do problema está em educar os familiares do paciente. As pessoas precisam de ser informadas sobre a doença e sobre como é seguro levar o corpo para as cerimónias. Vamos ter que os educar", disse Ramesh Bharmal.

Depois de terem sido tornadas públicas as imagens deste hospital, um caso semelhante ocorreu no hospital KEM, também em Mumbai. Além de terem sido filmados corpos perto de pacientes, dois doentes dividiam uma cama.