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As demissões não acontecerão de maneira direta e sim por meio de aposentadorias que não serão substituídas e "medidas de conversão, mobilidade interna e demissões voluntárias"Foto: Eric Piermont/AFP

Renault anuncia que vai demitir 15 mil funcionários em todo o mundo

Cortes representam 8% da força de trabalho da montadora francesa no mundo inteiro

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A montadora francesa Renault, que enfrenta graves dificuldades financeiras e foi muito afetada pela crise do novo coronavírus, anunciou nesta sexta-feira (29) que vai cortar 15 mil postos de trabalho no mundo.

A medida é parte de um plano de cortes de 2 bilhões de euros (R$ 12,04 bilhões) em três anos.

“Este projeto é vital”, declarou a diretora geral Clotilde Delbos, citada em um comunicado. No total, as demissões representam 8% dos funcionários da empresa no mundo (180 mil).

A França também será afetada, com o corte de 4.600 postos de trabalho dos 48 mil no país.

As demissões não acontecerão de maneira direta, e sim por meio de aposentadorias que não serão substituídas e “medidas de conversão, mobilidade interna e demissões voluntárias”, indicou a Renault. 

A empresa tem excesso de produção em nível mundial e anunciou em fevereiro seu primeiro prejuízo em dez anos.

A crise do coronavírus foi outro golpe para o mercado de automóveis, que já estava em crise. Em abril, as vendas caíram 76,3% em consequência do fechamento das concessionárias em muitos países.

Nesse contexto, a Renault e seus aliados, Nissan e Mitsubishi Motors, decidiram na quarta-feira uma mudança de estratégia para privilegiar a rentabilidade, em vez da corrida para produzir cada vez mais que havia sido aplicada pelo ex-presidente do grupo Carlos Ghosn.

O objetivo agora é produzir em conjunto quase metade dos modelos das três empresas até 2025.

A Nissan reduzirá em 20% sua capacidade de produção mundial nos próximo três anos e fechará uma fábrica na Espanha.

No caso da Renault, a fábrica de Flins (perto de Paris), com 2.600 trabalhadores, deve parar de produzir carros em 2024 e se concentrar na reciclagem de peças.

A Renault fechará apenas uma fábrica das 14 que possui na França, informou a montadora.

No restante do mundo, a empresa, que comercializa cinco marcas, anunciou a “suspensão de projetos de aumento de capacidades previstas para Marrocos e Romênia”.

A Renault também está estudando “a adaptação das capacidades de produção na Rússia e a racionalização da fabricação de caixas de câmbio no mundo”.

A capacidade mundial de produção deve passar de 4 milhões de veículos atualmente para 3,3 milhões.

O corte é muito importante: 650 milhões de euros (722 milhões de dólares) anuais a menos em custos fixos, 800 milhões de euros (US$ 889 milhões) a menos em engenharia e 700 milhões de euros (US$ 777 milhões) de economia em gastos gerais, entre outros.

No total, a redução deve alcançar 2,15 bilhões de euros (US$ 2,39 bilhões) por ano a menos em custos fixos quando o plano chegar ao fim.