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Foto: Getty Images

Ministro brasileiro defende invocação do Holocausto

Israel pediu ao Brasil para deixar o genocídio fora das disputas políticas. Ministro da Educação defendeu o direito a invocar o Holocausto por ter familiares que sobreviveram a campos de concentração nazis.

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O ministro da Educação brasileiro defendeu o direito a invocar o Holocausto, por ter familiares que sobreviveram a campos de concentração nazis, depois de Israel ter pedido ao Brasil para deixar o genocídio fora das disputas políticas.

"Não falem em nome de todos os cristãos ou judeus do mundo. Falo por mim! Tive avós católicos e avós sobreviventes dos campos de concentração nazistas. Todos eram brasileiros. Tenho direito de falar do Holocausto! Não preciso de mais gente atentando contra a minha liberdade", escreveu Abraham Weintraub, na quinta-feira à noite, na rede social Twitter.

As declarações do governante surgiram horas depois de a embaixada de Israel no Brasil ter pedido que as alusões ao Holocausto sejam deixadas de lado em disputas políticas internas, após um comentário polémico de Weintraub em que comparava busca policiais a aliados do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, com a "Noite de Cristal".

"Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza a sua memória e a tragédia do povo judeu", lamentou a embaixada no Twitter.

"Pedimos que a questão do Holocausto fique à margem da política e de ideologias", acrescentou.

Também o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, escreveu que "o Holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde seis milhões de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças foram sistematicamente assassinados pela barbárie nazista, é sem precedentes. Esse episódio jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo".

Wientraub comparou uma operação da Polícia Federal, supervisionada pelo Supremo Tribunal Federal, que investiga aliados de Bolsonaro por alegada difusão de notícias falsas e ameaças contra o tribunal e o parlamento.

No Twitter, o ministro escreveu que essa operação representava "um dia de infâmia, de vergonha nacional, e será lembrada como a Noite dos Cristais brasileira".

A "Noite de Cristal" ocorreu em novembro de 1938 na Alemanha nazi, quando centenas de judeus foram assassinados e cerca de 30.000 foram levados para campos de concentração por tropas paramilitares de Adolf Hitler, que também destruíram lojas e propriedades, deixando um rasto de vidros nas ruas.

Bolsonaro mantém um relacionamento próximo com Israel, em particular com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.