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Ato defende reestatização da Embraer para garantir empregos e soberania nacional

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Um ato virtual realizado na noite desta quarta-feira (27) reuniu diversas lideranças políticas, sindicais e sociais e lançou a campanha “Uma Embraer para os brasileiros. Reestatização, já!”.

Promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, filiado à CSP-Conlutas, o evento foi transmitido pelas redes sociais da entidade, contando com a participação de vários representantes de partidos, centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais.

Vídeos com declarações em defesa da reestatização da Embraer foram enviados pelos ex-candidatos à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) e Vera Lúcia (PSTU), o senador Paulo Paim (PT), os deputados federais Orlando Silva (PCdoB), Sâmia Bomfim (PSOL), Gleisi Hoffmann (PT), Celso Amorim (ex-ministro das Relações Exteriores), os dirigentes das centrais sindicais Sérgio Nobre (CUT), Miguel Torres (Força Sindical), Adilson Araújo (CTB), Ana Paula Rosa de Simone (Intersindical), João Pedro Stédile, do MST, os economistas Fausto Augusto Jr (Dieese), Gustavo Machado (Ilaese), além de movimentos de mulheres e sindicatos de outras categorias.

O ato contou ainda com a participação internacional de Daniele Cofani, sindicalista da central sindical italiana CUB e mecânico de aeronaves da Alitalia, empresa em que os trabalhadores também estão em luta pela estatização.

No ato foi divulgado também um manifesto, que já foi assinado por cerca de 150 entidades e personalidades, em que são explicados os motivos para reestatizar a fabricante de aviões.

Confira aqui o manifesto

Uma empresa estratégica

Conduzido por Herbert Claros, funcionário da Embraer e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, e por Toninho Ferreira, ex-presidente da entidade que esteve à frente da luta contra a privatização, o evento foi marcado pela defesa da reestatização.

Ao longo do ato, as declarações destacaram porque esta é uma empresa estratégica, seja para a geração de milhares de empregos, para a obtenção de superávits na balança comercial e o desenvolvimento tecnológico, econômico e social. Acima de tudo, para a soberania do país.

Foi ressaltado que, apesar de privatizada em 1994, ela foi construída com o dinheiro do povo brasileiro e segue sendo financiada com dinheiro o público, através de financiamentos do BNDES. E que a venda da Embraer para a Boeing teria significado a desnacionalização completa da empresa e milhares de demissões.

A venda levaria à sua destruição, afirmaram vários participantes, e o fim do acordo possibilita retomar a luta para impedir qualquer nova intenção de venda, bem como pela reestatização da empresa, para que ela volte a ser um patrimônio nacional.

A Embraer tem a capacidade de construir todo o ciclo do avião. E é isso que querem tirar. Não podemos voltar ao início do século passado. Está nas mãos da classe trabalhadora impedir isso. Esperamos que com essa campanha a gente consiga conquistar a consciência da população brasileira”, iniciou Toninho.

Participantes, como Ciro Gomes, Sérgio Nobre, Gustavo Machado e Marcela Azevedo (MML), destacaram o processo de desindustrialização e desnacionalização que afeta o Brasil. Lembraram que é fruto desta situação que hoje, em meio à pandemia, o país não tem condições de produzir os materiais e equipamentos necessários ao combate à Covid-19, pois a produção do setor foi transferida para a China ao longo dos últimos anos. Mais um motivo que confirma que o Brasil não pode abrir mão de ter uma indústria forte e com potencial de desenvolvimento tecnológico e estratégico como a Embraer.

A política entreguista e submissa ao imperialismo do governo Bolsonaro foi outro tema abordado pelas lideranças e personalidades que participaram do ato, como Ana Paula, da Intersindical, Adilson Araújo, da CTB, Miguel Torres, da Força Sindical, e Rafael Prado, do Sindipetro-SJC, que destacaram ainda a necessidade uma luta unificada com os trabalhadores de outras estatais ameaçadas e toda classe trabalhadora.

Sâmia Bomfim, do PSOL, destacou que a desnacionalização da Embraer segue uma lógica de submissão completa ao capital estrangeiro e que a reestatização é mais do que justa e necessária para que a produção e a riqueza gerada sirva aos interesses dos brasileiros.

Vera Lúcia, do PSTU, também afirmou que a quase venda da Embraer diz muito sobre a burguesia e o governo, que são “servis e mercenários”, sem se importar com os empregos e a soberania. Que é importante a retomada da luta reestatização 100% da empresa, mas não basta que seja estatal. É preciso que seja controlada pelo conjunto dos trabalhadores que nela trabalham, pois tudo produzem e sabem da importância estratégica para esse país.

Herbert encerrou afirmando que o ato dá início a uma grande campanha nacional para que os trabalhadores e a população entendam a necessidade da reestatização.

O integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha, participou do ato e reafirmou a importância desta luta, que terá a participação ativa da Central.

A constante desnacionalização da empresa, levada a cabo por diversos governos e a venda criminosa e irresponsável para a Boeing, apoiada pelo prefeito da cidade e realizada com o aval dos governos Temer e Bolsonaro, felizmente foi desfeita. Mas essa situação levou a Embraer a uma perda financeira e agora quer descarregar nas costas dos trabalhadores o preço dessa crise, através de demissões e redução de direitos”, disse.

A reestatização sob controle dos trabalhadores é uma necessidade. Os grandes acionistas da empresa têm suas ações nos Estados Unidos e não estão preocupados com a soberania nacional. Ao contrário, ao entregar o patrimônio para a Boeing, demonstraram sua ganância. Os trabalhadores são capazes de administrar a empresa. É hora dela voltar a ser uma estatal, controlada pelos trabalhadores”, afirmou.

A Embraer tem capacidade para fazer não apenas aviões. Os trabalhadores e engenheiros que fazem toneladas de aço subir ao ar, também podem desenvolver outras tecnologias, como carros elétricos, ou até mesmo respiradores neste momento de pandemia. Não o faz porque hoje é uma privada para dar lucro a um punhado de acionistas estrangeiros”, afirmou Herbert.

A reestatização é a única forma de defender os empregos e fazer com que a empresa esteja de fato a serviço dos interesses do país”, disse.

Próximos passos

O sindicato seguirá colhendo adesões ao manifesto em defesa da reestatização, como forma de intensificar e ganhar cada vez mais apoios para fortalecer a campanha.

Um projeto de lei, elaborado pelo Sindicato dos Metalúrgicos, será apresentado pelo deputado federal Orlando Silva, que buscará outros deputados para também serem co-autores.

A campanha contará ainda com uma série de iniciativas de divulgação junto aos trabalhadores, à população, bem como com iniciativas junto a governos e ao Congresso.

Vamos à luta pela reestatização da Embraer, sob controle dos trabalhadores!

Confira a íntegra do ato