Os desafios da educação no combate ao coronavírus

O papel dos agentes públicos na redução dos danos ao ensino

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Como será a volta às atividades presenciais nas creches e escolas de Belo Horizonte no cenário pós-pandemia (ou ainda durante ele)? Que medidas sanitárias serão implementadas para evitar o contágio de alunos, pais, professores e funcionários das unidades de ensino? Há algum plano estratégico em elaboração caso a capital venha a enfrentar uma segunda onda de contaminação de Covid-19? O que será feito para reduzir os danos ao aprendizado dos alunos em razão da suspensão das aulas?

Estas são as informações que solicitei à prefeitura por meio de ofícios encaminhados ao gabinete do prefeito e à Secretaria Municipal de Educação. Os documentos foram elaborados de acordo com orientações de especialistas em educação que integram o conselho de mandato que criei tão logo tomei posse. A situação da educação pública no Brasil, que já era muito ruim, se agravou ainda mais com a pandemia do novo coronavírus. E todos precisamos atuar para evitar o abandono dos estudos e impedir o agravamento do caos.

Na capital, as atividades escolares foram interrompidas ainda em março. Em razão da faixa etária dos alunos do ensino fundamental, não há como disponibilizar ensino a distância. Nas creches e escolas, são desenvolvidas apenas atividades de socialização, que também não podem ser reproduzidas pela internet. Os problemas são de outra natureza, mas igualmente graves. Por esta razão, encaminhei os ofícios.

No caso do ensino fundamental, da quinta à nona série, a principal preocupação é o prejuízo no aprendizado dos alunos neste ano letivo. Alguns professores com quem conversei avaliam que os reflexos da suspensão das atividades escolares vão se estender até 2021, com a normalização ocorrendo apenas em 2022. Isso se não houver outras ondas de contaminação que obriguem a novas interrupções das aulas.

Com relação às escolas de ensino infantil, as atenções devem ser direcionadas para a eficácia das medidas sanitárias que vierem a ser implementadas para evitar o contágio nesses locais. É impossível manter crianças nesta faixa etária distantes umas das outras. Além disso, essas unidades estão operando com sua capacidade máxima de alunos, em dois turnos, outro complicador para a implementação de protocolos sanitários. Já nas creches, é preciso levar em conta que as unidades atendem crianças carentes, que têm na merenda oferecida nestes locais sua única fonte de alimentação.

As dificuldades na educação em razão da pandemia vão influenciar negativamente na já péssima qualidade do ensino público, que atende cerca de 75% da população do Brasil em idade escolar. Em Minas Gerais, onde o governador Romeu Zema determinou a volta às aulas por meio do ensino a distância, os alunos mais pobres não têm como estudar. Não têm celular, tablet ou computador, e o acesso à internet é precário. Para piorar, o sinal da Rede Minas, que transmite as aulas, só cobre 153 municípios.

Além de agir para salvar vidas e reduzir os danos da recessão econômica, temos que impedir que a educação pública se deteriore ainda mais e condene crianças e adolescentes a um futuro de desemprego e miséria.

Lembro que o começo desse desafio está justamente no ensino infantil e no ensino fundamental, atribuições constitucionais dos municípios. Por isso é tão importante fiscalizar o que a prefeitura está fazendo e contribuir na diminuição dos problemas. Vamos prevalecer.