A praia e as igrejas não devem ser lugares de risco

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Com o reinício das práticas eucarísticas, muitos fiéis regressarão no domingo às igrejas. Em tempo que mais parece de verão, muitos de nós aproveitarão este fim de semana para ir à praia. Eis dois lugares que tanto podem ser libertadores como constituírem um enorme risco para a saúde pública.

A Conferência Episcopal Portuguesa já publicitou algumas orientações para a celebração do culto público, mas a concretização dessas regras depende, sobretudo, dos padres e das comunidades cristãs. Assim, seria profícuo que, antes das missas, o sacerdote criasse um momento de explicação sobre os comportamentos a adotar dentro dos templos: respeitar sempre o distanciamento social; não tocar nas imagens de culto; não trocar de lugar, depois de já se ter ajoelhado num dos bancos; não colocar as mãos dentro de estruturas de água pia, mesmo que estas estejam vazias... Os fiéis também podem (devem!) monitorizar os párocos, se estes desrespeitarem normas básicas, nomeadamente se a comunhão não for dada na mão das pessoas ou se, durante a eucaristia, houver a proclamação do gesto da paz... Os lugares de culto são para muitos de nós essenciais à vida, mas não podem multiplicar zonas de risco.

Apesar de a época balnear abrir apenas daqui a uma semana, as temperaturas altas potenciam a tentação para uma ida à praia. O Governo tem insistido na autorregulação dos cidadãos, mas isso não resultará, se, em paralelo, não se adotarem algumas medidas que impeçam ajuntamentos sociais para lá dos limites fixados. Por exemplo: reduzir substancialmente a zona de estacionamento e bloquear acessos pedonais junto de alguns areais. Sem sítios para deixar o carro e sem passadiços transitáveis, torna-se impossível ir a certas praias. E isso neutraliza o perigo de haver multidões em certos lugares. É estranho não se notarem muitos avanços a este nível, quando o verão está à porta...

Claro que, aqui e ali, haverá sempre um padre que desrespeitará regras básicas de saúde pública e cidadãos que reivindicarão o direito de estar numa praia a rebentar de gente. Neste contexto, os média noticiosos podem ter um papel importantíssimo. Em período de confinamento, motivaram-nos a ficar em casa; em tempo de levantamento de restrições, podem ir iluminando zonas onde se pisam ostensivamente linhas vermelhas que colocam em causa tudo o que se se fez até agora. E isso é igualmente vital para que tudo volte a ficar bem.

Prof. Associada com Agregação da U. Minho