TAP quer cortar as asas ao Norte

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Se o assunto TAP fosse exclusivamente da esfera privada, seria o primeiro a compreender que as decisões da empresa apenas lhe diriam respeito. Mas a realidade não é essa. A realidade é que, mais uma vez, a TAP quer pendurar-se no Orçamento do Estado, para não aterrar novamente na falência.

Portugal tem vantagens em ter uma companhia de bandeira, face aos interesses estratégicos que possui em certas geografias, sobretudo naquelas onde a diáspora portuguesa só pode contar com a transportadora nacional, a única que assegura a resposta ao mercado da saudade.

Penso nas famílias maiatas e nortenhas emigradas na França, na Alemanha, na Suíça, no Luxemburgo ou no Brasil, para quem a TAP representa mais do que apenas umas passagens aéreas e a quem a companhia deve muito.

Outro dos meus pontos é a economia, particularmente aqui na Região Norte. Somos uma região de trabalho, vibrante e empreendedora, que contribui de forma muito expressiva para as exportações e para o PIB nacional.

No caso da Maia, a dinâmica das nossas mais de 20 mil empresas, de entre elas muitas que nos colocam como o 1.o concelho da região e o 3.o do país, com o melhor rácio de empresas de média-alta e alta tecnologia, na sua maioria de capital estrangeiro, a par do facto de sermos também o 4.o concelho mais exportador de Portugal, é uma realidade que não dispensa um serviço de transporte aéreo nacional que responda às suas necessidades estratégicas de transação internacional.

Com apenas três linhas operadas a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, podemos questionar se a TAP pode manter a sua qualificação de companhia de bandeira e, principalmente, se faz sentido considerá-la uma empresa estratégica para a coesão territorial nacional, chamando todos os portugueses a contribuir na sua recuperação financeira e ajudá-la a levantar voo, incluindo aqueles a cuja região quer cortar as asas.

Enquanto autarca, mas também na minha qualidade de cidadão, espero que o Governo seja sensível ao doloroso impacto social que uma reestruturação com "downsizing" no quadro de pessoal pode provocar, mas também espero que ao salvar a TAP, como inevitavelmente vai fazer, se lembre que o Norte está atento.

Presidente da Câmara Municipal da Maia