Um novo velho Bruno

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Inocente.

A Justiça absolveu Bruno de Carvalho de todos os crimes que lhe eram imputados no âmbito do ataque à Academia de Alcochete, escancarando uma porta que o ex-presidente do Sporting abrira no último dia de fevereiro, quando anunciou que voltaria a ser candidato à presidência do clube. O caminho é longo. Bruno de Carvalho precisa, primeiro, de ser readmitido como sócio, mas para um resistente proibido de sair do país por integrar a lista de suspeitos de terrorismo das autoridades internacionais - injustamente, confirma-se agora - o tempo até pode ajudar.

A absolvição por si só não chega, porque já era inocente até prova em contrário. Bruno de Carvalho só recuperará a credibilidade perante os adeptos e o próprio futebol se mudar a forma de comunicar. Não precisa de interpretar um novo personagem, não precisa de ser politicamente correto, não precisa de ser sonso ou fingir-se inocente. Nem sequer está obrigado a alterar o rumo ou a política desportiva. O Sporting tornou-se muito mais forte com Bruno de Carvalho. Passou a contar na luta pelo título nacional de futebol e acumulou conquistas nas modalidades. Tem, portanto, todo o crédito na gestão desportiva. Também emprestou a força a algumas lutas que continuam bem latentes no futebol - ou nos tribunais, pelo menos. Escolheu inimigos - primeiro o F. C. Porto, numa segunda fase, o Benfica - e até isso é legítimo.

Onde esteve, então, o problema maior? Na forma como se dirigiu às massas. Ninguém guarda boas doses de credibilidade no património se estiver, permanentemente, de rédea solta nas redes sociais. São plataformas decisivas, vias de acesso fácil aos adeptos que têm, obrigatoriamente, de ser usadas. Mas um líder é mais do que isso: é coerência, responsabilidade, respeito pelos que dirige e pelos adversários. Gatilho curto não ajuda. O Sporting vai a votos em 2021. Bruno de Carvalho já se posicionou. Tem dois anos para se equilibrar.

Editor-executivo