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Funcionários do Facebook se irritam com postura da empresa em relação ao "caso Trump"

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A briga de Donald Trump com as redes sociais parece estar longe de ter um fim. Durante a semana o presidente norte-americano teve alguns tweets excluídos de seu perfil sob a alegação do Twitter de que estaria violando os termos da comunidade ao postar conteúdos com fake news.

Isso resultou em uma ordem executiva que foi assinada ontem, 28 de maio, por Trump que visava tirar das redes sociais a proteção legal que elas têm sobre o conteúdo que são postados nelas pelos usuários. Na teoria, e até então, as empresas não eram responsáveis pelo que era publicado e agora, com essa ordem executiva, o presidente deseja tirar esse “escudo” delas.

Agora, longe da disputa ter um fim, o Twitter assinalou outra publicação de Donald Trump como contendo fake News e incentivo à violência hoje, 29 de maio. O residente da Casa Branca usou a rede social para insinuar que as votações por correios podem ser fraudulentas e acusar o governador da California de estar por trás da suposta fraude.

E como essa guerra reflete também em outras redes sociais, sobrou também para o Facebook. A rede social de Mark Zuckerberg adotou uma posição neutra no conflito e decidiu não tomar nenhuma medida em relação às publicações de Trump que também foram postadas na página do Facebook do presidente.

Com isso, alguns funcionários ficaram claramente incomodados com a postura da empresa. Em uma publicação interna, que tratava sobre este assunto, alguns colaboradores pediram aos executivos que reconsiderassem suas posições e “entrasse em campo”.

“Devo dizer que esses desdobramentos que estamos passando está difícil de lidar”, comentou um funcionário. “Tudo isso aponta um risco muito alto de uma escalada violenta e de distúrbios civis em novembro e, se falharmos nesse teste de agora, a história não nos julgará gentilmente".

Sobre esses acontecimentos, Monica Bickert, vice-presidente de gerenciamento de políticas globais da empresa, escreveu um longo post no Workplace, a versão interna da empresa no Facebook, descrevendo o raciocínio da empresa para não tomar medidas sobre a publicação:

Analisamos a reivindicação e determinamos que ela não infringe nossas regras contra a interferência dos eleitores, porque não engana as pessoas sobre como elas podem se registrar para votar ou sobre as diferentes maneiras pelas quais podem votar. Se houvesse, teríamos removido completamente a publicação de nossa plataforma, porque nossa política de interferência de eleitores se aplica a todos, inclusive políticos.
Monica Bickert

Ela continuou: “Dito isto, não acreditamos que uma empresa privada de tecnologia como o Facebook deva examinar o que os políticos dizem no contexto de um debate político. Como é o caso dos tweets do Presidente, o discurso de candidatos e funcionários eleitos é altamente examinado e debatido. Achamos que as pessoas devem ter permissão para ouvir o que os políticos dizem, se decidir e responsabilizar os políticos.”

Sobre outra publicação, na qual o presidente sugere que os manifestantes que protestam contra a morte de George Floyd por policiais do estado de Minnesota, um funcionário questionou: "Seria possível explicar com mais detalhes a interpretação dos padrões da nossa comunidade? Esta publicação os viola, mas abrimos uma exceção, ou ela não está violando?"

Após mais algumas manifestações dos funcionários a empresa não se manifestou mais no Workplace, sendo que os últimos comentários na publicação da empresa foram em questionamento à postura do Facebook.