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Subnotificação: Estudo estima que existam até 21 mil pessoas com Covid-19 em MG
Último boletim da Secretaria de Estado de Saúde indica cerca de 8 mil pessoas infectadas pela doença
by Lucas MoraisA primeira fase de um estudo sobre a propagação do coronavírus em todo o país começa a revelar dados inéditos sobre a situação mineira frente à pandemia. Conforme a pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, que é financiada pelo Ministério da Saúde, menos de 1% da população no Estado está ou já foi infectada pela Covid-19.
Com quase 21 milhões de habitantes, o resultado aponta, mais uma vez, a alta subnotificação em Minas Gerais: o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde que o número de casos confirmados da doença já ultrapassou 8.000, porém a estimativa revelada pela pesquisa mostra que podem existir até 21.000 registros nas cidades.
De acordo com o levantamento, foram realizados 1.972 testes rápidos em oito municípios mineiros. Desse total, somente três testaram positivo, o que aponta que a imunidade de rebanho, quando 70% da população é contaminada, deve nem se tornar realidade. "Isso significa que menos de 1% da população, das cidades testadas, foi infectada pelo Covid-19", conclui o estudo.
Além de Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, os exames foram coletados em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Montes Claros, na região Norte de Minas, Patos de Minas, no Alto Paranaíba, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, Varginha e Pouso Alegre, ambas no Sul de Minas Gerais. Em todo o Brasil, foram realizados 25.025 testes para coronavírus em 113 cidades entre os dias 14 e 21 de maio.
Outro indicador que mostra a evolução da pandemia em Minas Gerais é o que mede o número médio de contaminações geradas por cada pessoa infectada. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, através de uma metodologia desenvolvida pela Imperial College London, no Reino Unido, é possível identificar o número médio de casos secundários que surgiram de uma pessoa com a doença.
No Estado, o índice ficou em 1,27 – quando é menor que 1, há indícios de recuo da pandemia e próximo do numeral aponta que "a pandemia não está crescendo exponencialmente".
Interiorização da doença
O boletim especial divulgado hoje pela pasta traz outros panoramas sobre a evolução da pandemia em Minas Gerais. Segundo os dados, os municípios do Estado estão "no início do aumento exponencial no número de casos – de forma que se sugere o acompanhamento diário do incremento de novos casos e sejam intensificadas as orientações de prevenção em âmbito municipal", conclui.
A expectativa é que o pico seja alcançado até o fim de julho, com uma normalização de contaminações pelo coronavírus a partir de setembro. O documento lembra ainda alerta sobre a “interiorização” e “popularização” da doença. "Acredita-se que ao alcançar o interior e os aglomerados o número de casos irá aumentar consideravelmente, assim como observado em alguns estados".
Considerando a taxa de notificação de coronavírus por milhão de habitantes, a situação é preocupante nos municípios de São Sebastião do Oeste, Jaboticatubas, Alvarenga, Carangola, além de Extrema, Toledo e Córrego do Bom Jesus, na divisa entre Minas e São Paulo, e Mar de Espanha e Chiador, na divisa com o Rio de Janeiro.