Prefeitos no litoral de SP pedem revisão a Doria para quarentena mais branda

Cidades foram incluídas entre regiões que terão que manter isolamento mais rígido

Prefeitos de nove cidades do litoral sul de São Paulo contestam a decisão do estado sobre a classificação de isolamento rígido para a região na nova fase da quarentena em São Paulo​, prorrogada por mais 15 dias pelo governador João Doria (PSDB).

Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga, na Baixada Santista, foram inseridas na fase 1-vermelha de um mapa que vai de 1 a 5 e que prevê categorias graduais de isolamento.

A classificação utilizada para as cidades é de alerta máximo, permitindo o funcionamento somente dos serviços essenciais.

https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/05/27/15906226065ecef98e995dc_1590622606_3x2_rt.jpg
Pessoas na praia, apesar de proibição, em Santos (SP) - Amanda Perobelli - 23.mai.20/Reuters

“Os nossos números não batem com os deles. Queremos saber de onde colheram essas informações. Estamos abaixo da ocupação de leitos de UTI, por exemplo. Algum número está distorcido. Consideramos que a nossa zona, no máximo, é a laranja”, disse à reportagem o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB).

A nova fase da quarentena começará a partir do dia 1º de junho e definiu isolamento mais rígido para a Baixada Santista, o Vale do Ribeira e a Grande São Paulo. Os critérios para estabelecer a retomada seguem balizas de saúde e economia.

“Chamamos o estado para confrontar os números e tentarmos reverter esse quadro. Queremos, sim, um novo enquadramento. Foi um balde de água fria”, diz Mourão.

Regiões do interior do estado como Franca, Ribeirão Preto, Araçatuba, Marília, Sorocaba e Campinas, por exemplo, já poderão abrir mais seu comércio e setores ligados a serviços a partir de 1º de junho.

Segundo o governo paulista, municípios que estiverem nas fases 2, 3 e 4 poderão flexibilizar determinados setores por meio de decretos, observando também os planos regionais. Entre os pré-requisitos para a flexibilização está a adesão a protocolos de testagem.

“Tínhamos programado para a semana que vem publicar um decreto de abertura controlada do comércio. Fizemos nossa lição de casa e cumprimos os protocolos. Estamos com uma situação momentânea que nos permite uma situação mais confortável”, explicou Mourão.

Em live realizada em uma rede social, o prefeito Pedro Gouvêa, de São Vicente, disse que há uma tentativa de acordo com o estado e atacou a decisão de Doria: “nós estamos encontrando muitas incoerências nos dados apresentados pelo estado hoje à tarde. O governador demonstra, de fato, não conhecer a Baixada Santista, não conhecer os números".

Os políticos travaram um embate público em torno das obras de recuperação da ponte dos Barreiros, que liga a área continental a insular em São Vicente. A travessia está interditada desde o fim de novembro, prejudicando cerca de 150 mil pessoas.

A prefeitura de Itanhaém também explicou que “existem divergências entre os dados do governo do estado e os números oficiais do município” e que os municípios “pleitearão uma análise e alteração com urgência da classificação”.​

A decisão de questionar os números foi levantada na tarde desta quarta-feira (27), em videoconferência entre os prefeitos das nove cidades, que já adotaram uma série de medidas conjuntas, como a restrição de acesso a faixas de areia e calçadão das praias.

Os indicadores atribuídos pelo estado serão reavaliados a cada sete dias e as fases de classificação poderão se mover. As avaliações são determinadas por um conjunto de critérios como taxa de ocupação de UTIs e total de leitos a cada 100 mil habitantes e dados de mortes, casos e interações.

No litoral, Santos registra o maior número de casos, óbitos e internações pela Covid-19. De acordo com o último boletim divulgado, são 3.170 pessoas com o vírus e 137 mortes. A prefeitura da cidade informou que a taxa de ocupação hospitalar caiu de 75% para 73%.

Praia Grande é a segunda cidade com mais registros no litoral, 1.653 casos confirmados e 54 mortes.

Somando todos os municípios do litoral, são 7.060 casos confirmados e 381 mortes causadas pelo novo coronavírus. Entre terça (26) e quarta-feira, a região teve um aumento de 355 casos da doença.