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Carlos Pereira, vice-presidente da bancada do PS
Foto: José Sena Goulão/Lusa

PS recusa solução para TAP a "mata-cavalos"

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O PS criticou o plano de rotas da TAP, que concentra em Lisboa a maior parte dos voos que são retomados em julho, e mostra-se preocupado com as finanças da companhia. Mas recusa para a empresa soluções a "mata-cavalos", como aquelas que acusa a Direita de ter criado com a privatização.

No Parlamento, esta quarta-feira, durante as declarações políticas, Carlos Pereira, vice-presidente da bancada do PS, assumiu que a "preocupação" do Governo com a companhia aérea portuguesa, após três meses de quase inatividade, não vai atirar o Estado para uma ajuda precipitada. Sendo que a Esquerda exigiu a nacionalização da TAP após a intervenção do deputado socialista.

Segundo Carlos Pereira, o Governo PSD/CDS "fez uma privatização a mata-cavalos, à 25.ª hora e a acabar a legislatura [em 2015]".

"Não queremos que isso aconteça ao país e muito menos com a TAP", admitiu o socialista, em reação à declaração de João Gonçalves Pereira, do CDS, que acusou o Governo de estar "ativamente a prejudicar o valor" da empresa e de utilizá-la "como arma de arremesso político, colocando empregos, investimentos e parcerias em causa".

"Temos preocupações muito claras: sobre o futuro da companhia, sobre os trabalhadores da companhia, sobre a contribuição da companhia para o turismo de Portugal - e pela importância que ela tem na criação de riqueza, pelo papel na coesão económica do país - e pela sustentabilidade económica e financeira da companhia", disse Carlos Pereira, que criticou a "decisão unilateral da gestão privada da companhia numa matéria tão relevante como é o plano de rotas, com um impacto tão grande no país".

PSD critica "Transportes Aéreos de Lisboa"

O centrista Gonçalves Pereira levou o tema a debate, questionando se as polémicas com a TAP não "evidenciam uma falha da reversão da privatização" promovida por António Costa.

Salientando que a TAP nas mãos dos privados "aumentou o número de trabalhadores, de voos, aviões e, com isso, o valor da própria empresa", o deputado do CDS perguntou pela estratégia do Governo e por soluções na retoma da atividade da empresa, denunciando que "o Parlamento não foi informado" até agora de nenhuma intenção.

Hugo Carvalho, do PSD, também exigiu que o Governo explique o que pretende fazer, já que optou por reverter parte da privatização da TAP mas "escolheu não participar na sua gestão". Tendo em conta o plano de rotas anunciado, que deixa o aeroporto do Porto a ver os aviões passar, o social-democrata sugeriu que a empresa se passe a denominar de "Transportes Aéreos de Lisboa".

Estado não mete dinheiro na TAP há décadas

À Esquerda, a solução, quer para a necessidade de financiamento da TAP, quer para ter uma gestão alinhada com desígnios estatais, passa pela nacionalização.

O comunista Bruno Dias apontou baterias ao CDS, lembrando que "com a privatização [feita pelo Governo de Direita], a primeira coisa que os privados fizeram foi cortar nas rotas a partir do aeroporto do Porto". O deputado do PCP contestou ainda a "repetição da mentira dos dinheiros públicos" na empresa: o Estado não transfere para a TAP mais de um cêntimo há duas décadas".

"O problema só se resolve com a nacionalização da TAP", apontou o líder parlamentar d'Os Verdes, José Luís Ferreira. Já a deputada do BE, Isabel Pires, também apontou ao mesmo caminho: "querem [os privados] garantias bancárias mas não querem que [o Governo] tenha nada com a ver com a gestão da empresa?".