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"Não estou certo que um inquérito sobre essa matéria seja um bom uso de tempo", afirmou
Foto: AFP

Boris Johnson recusa inquérito a assessor que desrespeitou confinamento

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recusou esta quarta-feira a abertura de um inquérito interno ao comportamento do seu assessor, acusado de desrespeitar o confinamento decretado para travar a pandemia de ​​​​​​​covid-19 no Reino Unido.

"Não estou certo que um inquérito sobre essa matéria seja um bom uso de tempo", afirmou, durante uma audição parlamentar.

Johnson disse reconhecer que é um "episódio muito frustrante", mas que a sua equipa está a "trabalhar arduamente" nos planos para combater o coronavírus.

"O melhor que podemos fazer é avançar em frente e focar nos próximos passos", vincou.

O primeiro-ministro está a ser questionado esta quarta-feira pela Comissão de Ligação pela primeira vez desde que assumiu o poder em julho do ano passado, depois de ter cancelado duas vezes no outono passado.

A comissão é composta pelos presidentes de todas as comissões parlamentares, normalmente deputados experientes e representantes de diferentes partidos, e é a única que pode interrogar o chefe do governo.

O início da sessão centrou-se sobre o assessor do primeiro-ministro Dominic Cummings, que admitiu ter conduziu um automóvel mais de 400 quilómetros até Durham, no norte de Inglaterra, no final de março, apesar de a mulher já apresentar sintomas e de ele recear que também tivesse sido contagiado.

Cummings alegou que queria estar perto de membros da família para que pudessem tomar do filho de quatro anos se ele e a mulher ficassem incapacitados, mas na altura as ordens do governo eram que pessoas com sintomas e o respetivo agregado deveriam permanecer isolados em casa.

Johnson, que foi hospitalizado com a covid-19 no mês passado, afirmou no fim de semana considerar que Cummings agiu de forma "responsável" e dentro da lei e que "seguiu os instintos de qualquer pai".

Segundo o portal da Internet ConservativeHome, 36 deputados do partido Conservador manifestaram-se publicamente a favor da demissão e o subsecretário da Escócia, Douglas Ross, demitiu-se na terça-feira por discordar com a posição do primeiro-ministro.

Uma sondagem publicada hoje pelo jornal Daily Mail indica que 66% dos inquiridos considera que Cummings deve demitir-se e só 17% são contra.

Um outro estudo do The Times mostra que a popularidade do governo caiu, com a vantagem do Partido Conservador (44%) sobre o Partido Trabalhista (38%) reduzida em nove pontos percentuais, de 15% para 6%.

O Reino Unido é atualmente o segundo país com o maior número de mortes, atrás dos EUA, tendo registado 37.048 mortes, segundo o balanço de hoje do Ministério da Saúde.