Notas internacionais (por Ana Prestes) – 27/05/20
by Ana Prestes– Segundo a OPAS, Brasil, Chile, Equador, Peru e México são os países latino-americanos que apresentam dados mais preocupantes no tocante ao controle da pandemia pelo novo coronavírus. O Brasil tem o triste título de campeão mundial em mortes de profissionais de enfermagem durante a pandemia do novo coronavírus. Já são mais de 16 mil infectados e 150 mortos.
– Dados de uma pesquisa da Universidade de Washington indicam que o Brasil poderá chegar a 125 mil mortes por covid-19 até o início de agosto. São Paulo terá maior concentração de falecidos, podendo passar dos 30 mil e o Rio mais de 25 mil. Os dados são do Instituto para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME) ligado à Universidade. A projeção da OPAS para o mesmo período (até início de agosto) é de 88,3 mil mortes no Brasil.
– A empresa Latam, maior companhia aérea da América Latina, pede falência após “colapso na demanda”. A empresa foi pedir recuperação judicial nos EUA. No comunicado estão listadas suas afiliadas no Chile, Colômbia, Equador, EUA e Peru. Não foram citadas as subsidiárias da Argentina, Brasil e Paraguai, pois serão casos tratados especificamente com os governos desses países. Já estão em curso negociações com o BNDES brasileiro com valores em torno de 2 bilhões de reais. O anúncio da Latam vem pouco depois do anúncio da Avianca, segunda maior cia aérea da América Latina, que também solicitou recuperação judicial nos EUA.
– Pelo menos duas postagens de Trump no Twitter foram marcadas como duvidosas pela plataforma. A sugestão é para que os seguidores “chequem os fatos”. As postagens tratavam de supostas fraudes eleitorais. Em reação, Trump disse que “as plataformas de mídia social silenciam totalmente as vozes conservadoras” e ameaçou: “vamos regular fortemente, ou fechá-las”.
– Na Argentina, o ex-presidente Maurício Macri, pode ser investigado por espionagem ilegal durante seu governo. Foi apresentada uma denúncia por uma auditora, Cristina Caamano, com uma lista de centenas de políticos e jornalistas que teriam sido espionados durante o governo. E-mails de mais de 100 pessoas teriam sido invadidos.
– No Chile volta a crescer a tensão social em meio à pandemia do novo coronavírus. Ontem (26) foi dia de protestos nos bairros periféricos de Santiago, como San Bernardo, La Granja e Cerro Navia. Um dos principais pedidos é que o governo entregue logo as mais de 2 milhões de cestas básicas prometidas por Piñera. A resposta dos carabineros tem sido o ataque aos manifestantes com jatos de água e gás lacrimogênio. Enquanto isso, o sistema hospitalar chileno está muito perto do colapso com mais de 80% de UTIs ocupadas, como o próprio Piñera admitiu no sábado (23).
– O Equador é outro país que está convulsionado com marchas e protestos apesar das medidas de isolamento social. As manifestações se dão contra as medidas econômicas anunciadas por Lenin Moreno de taxação dos salários de toda a população e contra a Lei Orgânica de Apoio Humanitário aprovada em 15 de maio de regulação das relações laborais e que afeta vários direitos dos trabalhadores e pequenas empresas. Um dos grupos mais mobilizados é dos estudantes que denuncia a retirada de 98 milhões de dólares do orçamento da educação e a continuidade do pagamento da dívida com o FMI.
– O governo de Maduro da Venezuela apresentará uma petição ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre a retenção de ouro venezuelano depositado no Banco da Inglaterra desde 2008. Segundo a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, “exerceremos todas as ações que correspondam para a defesa das reservas internacionais da Venezuela, para que se respeite a lei de imunidade soberana sobre as reservas, para que se respeite a soberania jurídica da Venezuela”. Há indícios de que um comitê de “reconstrução da Venezuela” instalado na Inglaterra por partidários de Guaidó esteja sendo remunerado com dividendos do ouro venezuelano depositado no banco inglês. Há ainda denúncias de que um navio inglês presente no mar do Caribe nos meses de março e abril deste ano estava em colaboração com a ofensiva norte-americana sobre a Venezuela do período. Mais concretamente com o aceite de denúncia de envolvimento de líderes do país com o narcotráfico pela PGR dos EUA, justificando uma busca marítima por narcotraficantes e a operação frustrada de invasão do país por mercenários na região de La Guaíra desbaratada no começo de maio.
– Aconteceu ontem (26) uma conferência organizada pela União Europeia e o Governo da Espanha para arrecadação de fundos (2,5 milhões de euros foram arrecadados) para ajuda de venezuelanos que se encontram no exterior.
– Na Bolívia, dirigentes do MAS instaram as autoridades eleitorais a fixarem uma data para a eleição presidencial. Apontam que até o dia 31 de maio a data do pleito deve ser definida e que há forte mobilização nas bases do partido para o início de mobilizações no país exigindo uma data para as eleições que coloque fim ao governo de transição instalado após o golpe sobre Evo de 10 de novembro de 2019.
– O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, se reuniu com o presidente da Câmara de Representantes da Líbia, Aquila Saleh. A conclusão do encontro é a urgência do início dos diálogos de pacificação do país entre todas as forças políticas do país. A Líbia está devastada por uma guerra interna que já dura anos, desde a queda de Gaddaffi.
– Em Israel, o premiê Benjamin Netanyahu está causando tensão interna com a polícia, procuradores, tribunais e partidos de oposição. Diante do início de seu julgamento por denúncias de corrupção, Netanyahu diz que há uma “tentativa de golpe”. Para além da tensão interna, o premiê corre para não perder, em suas palavras, a “oportunidade histórica” de ampliar a anexação da Cisjordânia*. Em reunião ministerial no começo da semana ele disse: “temos uma oportunidade histórica, que não existe desde 1948, de aplicar a soberania judicialmente como uma medida diplomática na Judeia e Samaria (nomes bíblicos da Cisjordânia). É uma grande oportunidade e não vamos deixá-la passar”.
– Já estão em águas venezuelanas pelo menos três dos cinco navios petroleiros do Irã que se dirigiam ao país. Já chegaram as embarcações “Fortune”, “Forest” e “Petunia”. Ainda faltam chegar “Faxon” e “Clavel”.
– Uma brasileira, Carla Monteiro de Castro Araújo, venceu o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero na ONU. Ela está servindo na Missão de Paz na República Centro-Africana. Criado em 2016, o prêmio reconhece a dedicação e esforço das boinas-azuis na promoção dos princípios da Resolução 1325 do Conselho de Segurança sobre Mulheres, Paz e Segurança. Ela vai dividir o prêmio com Suman Gawani, boina-azul da Índia na Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul.
– Com 7 milhões de habitantes, 865 casos de infectados e 11 mortes por coronavírus, o Paraguai é um dos casos de sucesso no controle da covid-19 na América Latina. O êxito se compara ao conquistado pela Nova Zelândia. A explicação pode estar na baixa conexão do país com grandes metrópoles. A resposta rápida à pandemia, com medidas de quarentena e confinamento dos doentes, também ajuda a explicar. Esta semana o país começa uma nova fase da quarentena com volta parcial das atividades, sendo que só serão admitidos de volta ao trabalho 50% dos trabalhadores e o mesmo vale para a ocupação do transporte público.