Áudio viral descreve golpe que usa indevidamente nome do Datafolha

Instituto de pesquisa alerta que não envia links ou códigos de confirmação

Um áudio que circula em aplicativos de mensagens denuncia o que seria um golpe praticado por uma quadrilha usando o nome do instituto de pesquisa Datafolha. De acordo com o relato, os usuários recebem, após aplicação de uma falsa entrevista, um código de confirmação, que seria uma porta de entrada para roubo de dados pessoais e bancários.

“Em momento nenhum, nas pesquisas do Datafolha, são enviadas mensagens de confirmação”, afirma Mauro Paulino, diretor do instituto.

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Mensagens falsas circulam pelo WhatsApp - Reuters

Por causa da pandemia de coronavírus, todas as pesquisas de opinião do Datafolha estão sendo feitas por telefone. São aproximadamente cem profissionais habilitados e treinados para aplicação dos questionários. As informações necessárias são coletadas pelos entrevistadores durante o contato telefônico.

“Neste período estamos fazemos uma série de testes de consistência e, analisando bases estatísticas, constatamos, no sentido representativo, que pesquisas por telefone se aproximam muito das presenciais”, diz Paulino. O Datafolha não faz entrevistas com mensagens automáticas ou robôs.

Nas redes sociais há relatos de pessoas que foram entrevistadas pelos falsos pesquisadores. “Pessoal, tentaram me aplicar o golpe do WhatsApp. Se passaram por pesquisadores do Datafolha e, para confirmar a entrevista, eu tinha que enviar um código de validação”, escreveu no Twitter Dalmir Campos Raulino.

Em nota divulgada na segunda (25), o Datafolha informa que vem realizando pesquisas sobre vários assuntos, entre eles a Covid-19. “Porém nossos pesquisadores não solicitam que a pesquisa seja confirmada através de algum canal ou qualquer tipo de digitação de código após a realização da mesma”, diz trecho do comunicado.

Golpes usando o nome do instituto já foram aplicados outras vezes. Em 2018, em período eleitoral, mensagens no WhatsApp levavam a sites falsos.

No mesmo ano, método de disseminação de conteúdo semelhante foi explorado para espalhar vírus pelo aplicativo de mensagens. Pouco antes da Copa do Mundo, um site malicioso oferecia camisetas grátis da seleção brasileira. Outro golpe parecido oferecia internet grátis no celular. Ambos exigiam o compartilhamento do conteúdo pelo WhatsApp usando um sistema similar ao usado por sites que tentavam se passar pelos institutos de pesquisa.

Depois, uma mensagem dizia que o celular estava com vírus e induzia a pessoa a baixar um aplicativo para corrigir a situação. Esse download era, na verdade, um vírus.

Na noite de terça (26), pesquisa Datafolha mostrou que os brasileiros são majoritariamente favoráveis ao "lockdown", o confinamento radical para combater a transmissão do coronavírus.

Para 60% dos ouvidos, a medida é recomendável. Já 36% são contrários, 2% não souberam responder e 1%, se diz indiferente. A pesquisa foi feita na segunda (25) e na terça, quando foram ouvidos 2.069 adultos por telefone. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Se recebeu alguma informação que acredita ser falsa, comunique o ​WhatsApp da Folha (0-xx-11 99486-0293). Pode ser áudio, vídeo, corrente, imagem ou notícia que circule pelo aplicativo ou por redes sociais, como Facebook, Instagram ou Twitter. O jornal faz uma seleção do conteúdo a ser checado e publica o resultado desse trabalho.