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Foto: DR / Arquivo

Distritais do PSD do Norte consideram plano da TAP uma “ameaça à coesão territorial”

Rotas da aviação civil

As distritais do PSD do Norte consideraram hoje que o plano de retoma da TAP constitui uma provocação à região e uma ameaça à coesão territorial, sugerindo que, operando sem âmbito nacional, poderá chamar-se “Transportadora Aérea da Portela”.

Num comunicado subscrito pelas distritais do Porto, Aveiro, Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu, os sociais-democratas sublinham que o plano de rotas conhecido “é absolutamente atentatório do interesse nacional e lesivo da equidade e da relação custo/benefício de uma opção estratégica desta natureza, cavando ainda mais fundo o centralismo e discriminando de forma incompreensível as diferentes regiões do país”.

Em causa, lembram as distritais, está o Aeroporto do Porto, o “maior do noroeste peninsular”, sediado numa região que “é responsável por mais de 40% das exportações e por mais de 30% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional, servindo mais de cinco milhões de pessoas, desde a região Centro à Galiza”.

O plano de retoma das operações da companhia aérea foi conhecido na segunda-feira e prevê 27 voos semanais até ao final de junho e 247 no mês seguinte, sendo a maioria de Lisboa.

Para os sociais-democratas, “a confirmação” de que a TAP “concentrará quase exclusivamente no aeroporto da Portela” a operação constituiu “uma provocação a toda a região Norte e uma ameaça séria à coesão territorial nacional”.

“Se a TAP não responde às necessidades e aos anseios dos aeroportos de Faro, do Funchal, de Ponta Delgada e do Porto deixa de cumprir o seu papel de empresa nacional – companhia de bandeira – e passará a ter um papel meramente regional, podendo inclusive passar a denominar-se por Transportadora Aérea da Portela”, defendem num comunicado.

Para as distritais, a postura da companhia aérea compromete definitivamente “o desígnio de representatividade nacional da TAP”.

Também “torna claro que esta não pode, porque, por opção própria, também não quer, ter os apoios que reclama do Estado”, acrescentam.

“Infelizmente, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, em 07 de maio, o presidente do PSD já tinha antecipado este cenário, que condenou de forma veemente, defendendo que, para o Estado injetar dinheiro na TAP, esta deveria ter um plano de negócios e vocação eminentemente nacional”, lê-se na nota.

As distritais do PSD “exigem a imediata inflexão deste rumo e desta estratégia, reclamando uma solução de retoma que incremente um plano de rotas e voos de forma proporcional ao número de passageiros, a partir de todos os aeroportos nacionais”.

De outra forma, o PSD considera que deve ser reequacionado qualquer plano de resgate ou de participação do Estado na sua administração, à custa dos impostos dos portugueses que “não precisam de pagar por um serviço a que não podem recorrer”.

“Por outro lado, se o Governo decidiu reverter a privatização da TAP, com uma quota de 50% e um administrador, onde os privados decidem tudo e o Estado não manda coisa nenhuma; se o Governo se prepara para injetar milhões na empresa, a pretexto da sua viabilização financeira; então o mínimo que o Governo está obrigado a fazer é exigir que a TAP passe a servir todos os portugueses, sem privilégios e sem exceções”, defendem.

Consideram ainda que o argumento de “falta de procura” utilizado pela TAP para justificar uma reposição diferenciada de rotas “é uma mentira pegada” e “choca de frente” com opções tomadas por outras companhias aéreas, como, por exemplo, a Lufthansa ou a Air France.

“É, no mínimo, estranho que estas companhias, que operam com inconfessados interesses de ordem exclusivamente comercial, vejam nestas rotas [para o Porto] a oportunidade de negócio e a sustentabilidade que a transportadora nacional nega”, o que torna “absolutamente incompreensível a desconsideração e a desvalorização com que a TAP trata o Porto e a região Norte”, afirmam.

O PSD critica ainda o apelo do PS para a TAP para “corrigir o plano de rotas aéreas tornado público, tendo em vista corresponder aos legítimos interesses nacionais e regionais em apreço”, considerando-o “oco de conteúdo” tendo em conta a dissonância entre o que o ministro das Infraestruturas queria fazer e aquilo que o primeiro-ministro não o deixa fazer, como por exemplo a nacionalização.

“Nós bem sabemos que estas manifestações de indignação de quem critica as suas próprias decisões, são mero exercício de hipocrisia política. Mas o país, e neste caso, a TAP, não precisa de encenações. Apenas de coragem para decidir”, acrescentam.

Depois de conhecido o plano de retoma de voos da TAP, vários autarcas, bem como partidos políticos, criticaram as opções da companhia aérea e exigiram que o Governo tome uma posição.