https://www.dinheirovivo.pt/wp-content/uploads/2020/03/37187192_28451896_WEB-1060x594.jpg
Ryanair. EPA/TOMS KALNINS

Ryanair: Procura por voos para já “atípica”. Retoma deverá ser demorada

by

A companhia aérea assume prejuízos de milhões devido à pandemia e admite reduções salariais para minimizar perdas de postos de trabalho.

Não é segredo que a aviação civil é dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19. A Ryanair, ao Dinheiro Vivo, admite que as perdas entre abril, maio e junho podem rondar os 200 milhões de euros. “No ano fiscal deveremos ter uma quebra de 50% nos passageiros”, admite CEO da Ryanair, Eddie Wilson. A companhia aérea, devido à pandemia, já despediu cerca de 200 pessoas que trabalhavam na área de apoio às operações em três países (Irlanda, Espanha e Polónia) e admite que está a falar com os sindicatos, nomeadamente em Portugal.

“Estamos a falar com os sindicatos por toda a Europa e estimamos que possamos ter de despedir até 300 pessoas todo o continente. Mas estamos também a olhar para cortes salariais durante um período de tempo num esforço para ajustar e esperamos assim minimizar a perda de postos de trabalho. Já apresentamos as propostas aos sindicatos em Espanha e Portugal e estamos a debater com eles neste momento”, diz em entrevista ao Dinheiro Vivo.

A Ryanair vai retomar cerca de 40% das suas operações a partir de 1 de julho com voos para a Europa, depois de Espanha ter anunciado que iria eliminar as restrições a partir dessa data, à semelhança de Itália, Chipre, Grécia e Portugal que preparam a reabertura dos seus hotéis e praias para Julho e Agosto. O CEO da companhia aérea assume que esta é uma época de incerteza e que a procura neste momento “não é a típica, mas há reservas. O que ajudou na última semana foi a Comissão Europeia ter coordenado o regresso das operações porque não houve uma integração quando houve a paragem nos voos em meados de março. A Comissão Europeia lançou um conjunto de diretrizes (…) e que são semelhantes ao que temos recomendado” nomeadamente a utilização de máscara durante os voos.

O Reino Unido anunciou recentemente que quem entrar no país vai ter de cumprir quarentena obrigatória. Eddie Wilson condena esta deliberação dizendo que “as quarentenas não funcionam em especial quando se trata de um vírus como este. O que é faz é desencorajar as viagens”. “As quarentenas não fazem sentido. Tudo o faz é gerar confusão e devíamos abrir a Europa toda ao mesmo tempo” em vez de cada país determinar quando abre as suas fronteiras a viajantes internacionais.

O clima de incerteza gerado pela pandemia levam o líder da Ryanair a defender que a recuperação quer do turismo, quer da aviação civil, vai demorar “um longo período de tempo”. Critica a possibilidade de o Estado português poder vir a resgatar a TAP, alegando que isso pode distorcer as condições de mercado. E defende incentivos através de reduções das taxas aeroportuárias. “Se a ANA- Aeroportos receber um incentivo para baixar as taxas então as companhias aéreas que transportam mais passageiros [podem trazer mais] e isso terá mais efeitos positivos na economia, porque quanto mais pessoas transportarem maior” é a receita que fica no país.

“Pensamos que deve haver estímulos porque são necessários neste período, que é único e excepcional, mas não pela cor da companhia aérea mas pelo que faz pela economia. Essa deveria ser a forma de fazer as coisas em especial quando todas as outras áreas da economia, neste momento, na maioria dos países, está em busca de alguma forma de estímulo para recomeçar” diz ainda o CEO.

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, defende que, apesar da pandemia, a transformação da base militar do Montijo em aeroporto complementar deve ir para a frente. E espera que os primeiros Boeing 737 Max comecem a chegar entre o final deste ano e 2021.