Testes rápidos para Covid-19: quando fazer e qual a eficácia?

Conheça as diferenças entre análises e qual melhor momento para testagem

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Análise laboratorial (Foto: Freepik)

Com testes rápidos para Covid-19 sendo realizados pelos municípios e também de forma particular cresceram também as dúvidas em relação à eficácia, bem como qual o momento ideal para o procedimento a fim de evitar o chamado “falso negativo”. Os testes que detectam os anticorpos precisam ser feitos após o 8º dia de contaminação ou início dos sintomas. Em caso de resultado negativo, pode-se repetir o exame após uma semana. Uma pesquisa recente mostrou, entretanto, que a sensibilidade aumenta se o sangue for colhido por punção venosa, e não pela ponta do dedo, como estava sendo feito em todo o País. 

Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal (SMS) de Goiânia, o biomédico e doutor em epidemiologia Yves Mauro Ternes explica que os testes rápidos utilizam uma metodologia chamada imunocromatografia. Isso significa dizer que é gerada uma cor a partir de uma reação química entre o antígeno e o anticorpo, que é a defesa gerada pelo organismo. Basicamente, é uma forma de descobrir se a pessoa teve ou não contato com o vírus e o exame ocorre de forma parecida ao teste de gravidez. Os resultados, no entanto, são chamados de IgM e IgG.   

“O IgM é o que chamados de anticorpo da fase aguda e normalmente está presente a partir do 3º dia de infecção. O IgG é o anticorpo da fase crônica e sua produção começa logo que o IgM começa a reduzir. Alguns exames detectam um ou outro anticorpo, e outros exames detectam a presença, sem distinguir qual dos dois. O ideal é que seja realizado após 8º ou 10º dia de sintomas, para que haja uma maior sensibilidade do resultado. Em caso negativo, pode-se repetir depois de uma semana”, explica Yves Ternes. 

Até a semana passada, os exames rápidos estavam sendo realizados, inclusive pelas prefeituras de Goiânia e Aparecida de Goiânia, com o sangue colhido pela ponta dos dedos, conforme orientação do Ministério da Saúde e também das bulas dos fabricantes. Um novo estudo realizado em São Paulo, entretanto, mostrou que a sensibilidade dos testes rápidos é de 55%, diferente da informação da bula. A coleta feita de forma venosa aumentou a sensibilidade para até 96%.  Ainda assim, pode haver falso positivo e também falso negativo. Agora, a SMS de Goiânia vai realizar uma nova testagem no próximo sábado (30) e Aparecida de Goiânia também está avaliando a possibilidade de mudança na coleta.  

Biomédico, médico e coordenador na atenção básica de Aparecida de Goiânia, Murillo Moraes explica que isso acontece porque, quando o sangue é colhido na veia, é feita a separação do soro, onde se concentra a maior quantidade de anticorpos e que no dedo essa quantidade pode ser muito pequena. “Os testes rápidos funcionam como triagem e como enquete sorológica, mas não para diagnóstico. Em caso positivo, pode ser confirmado com o RT-PCR, chamado padrão ouro”, pontua. 

PCR-RT, o teste ouro

Infectologista do laboratório Atalaia, David Urbaez afirma que, no caso dos assintomáticos não existe indicação para o PCR-RT, que é feito com secreção do nariz e da garganta, a menos que Estado, município ou País queira montar estratégia de controle. “Quando o indivíduo tem sintomas como tosse, febre, falta de ar, fadiga, dores musculares e dor de cabeça, os testes funcionam a partir do 5º ao 7º dia. Isso, me referindo ao RT-PCR, que chamamos de padrão ouro. O diagnóstico certo se faz com este exame e ele é indicado sempre que há sintomas compatíveis.”

PCR também pode dar negativo por tipo de coleta, conservação do material ou porque no momento em que foi realizado o paciente possuía pouca carga viral na secreção coletada.