Após três filhos 'estrelinhas', casal é surpreendido com adoção de irmãos em duas semanas: 'Ação conjunta para o enxoval'
Priscila e Emerson entraram para a fila de adoção em outubro de 2019. No começo de 2020 a surpresa: depois de duas semanas de contato com as crianças e a Justiça, em fevereiro a casa ficou cheia e o coração com mais amor.
Na casa, a decoração agora conta com brinquedos e tudo mais que se refere ao mundo infantil — Foto: Priscila Horvath/ Arquivo Pessoal
A engenheira agrônoma Priscila Horvath, de 38 anos, e o marido, o zootecnista Emerson Farias Bispo, tiveram as vidas transformadas em duas semanas com a adoção de irmãos. Na casa onde moravam só os dois, em Mato Grosso do Sul, de repente, passou a ter cinco. Nos corações, onde já havia três crianças, agora são seis.
Portadora de lúpus, Priscila teve três gestações de risco e as crianças morreram logo após o nascimento. Valentina, Bento e Aurora nasceram, respectivamente em 2013, 2015 e 2016. Agora 'estrelinhas' no céu dos pais, os três ganharam mais irmãos que já chegaram 'grandes': 2, 4 e 6 anos.
Na Semana Nacional de Adoção, o casal é exemplo de que para adotar é preciso desejar, se preparar e, que, quando menos se espera, o amor se multiplica e irradia. "A família se uniu para que a gente pudesse acolhê-las [as crianças] da melhor forma possível. Tudo pensado com muito carinho", resume.
Priscila e Emerson sempre quiseram ter três filhos biológicos e um adotivo. Com a perda da Aurora, em setembro de 2016, a ideia da adoção ficou mais firme e em abril de 2017 eles fizeram curso para adotantes. Em maio de 2019 entregaram a documentação para a Justiça como interessados em adotar e em outubro entraram na fila. Em fevereiro de 2020 se tornaram pai e mãe.
"Foi um susto"
O casal estava na posição 269 da lista no estado, mesmo com o pedido de filhos que sai da média da grande maioria, que é de apenas uma criança pequena, quando foram surpreendidos que poderiam conhecer três irmãos que estavam em abrigos. "A gente colocou um bebê com possibilidade de até dois irmãos".
Após um fim de semana com as crianças e conversas com a assistente social, a Justiça deu prazo de uma semana para Emerson e Priscila se prepararem para ficarem mais próximos dos três irmãos. As determinações foram cumpridas e sete dias depois, lá estava o casal tendo novo contato com os pequenos.
Com a aproximação do casal com as crianças e a regularidade burocrática, veio a guarda provisória. E o questionamento: e agora, como receber eles?
"A gente levou um susto. Tinha 268 pessoas na nossa frente. Eu falei vai demorar. Algumas coisas a gente tinha. Todo mundo ajudou financeiramente. A gente tinha um pouco de dinheiro guardado, mas não era suficiente. Foi uma ação conjunta da família. Pra você ver o tanto que essas crianças foram desejadas", comemora Priscila.
Agora com a casa cheia e exemplo de amor, Priscila dá o recado da vida real. "Adoção é lindo, é tudo de bom, mas não é fácil. Pra adotar, a pessoa tem que estar preparada e consciente de que ela vai adotar uma criança que não é dela. Que veio de outra família, com outros costumes. Com outra criação que é completamente diferente da sua. Então, que as pessoas se preparem para adoção para depois não ter o risco de passar um ano com a criança e falar não quero mais. As crianças não vem com padrão de comportamento. Que elas se preparem antes de entrar na fila. Que elas façam curso e se possível, participem de grupos de apoio para adotantes. É lindo, um amor muito grande, mas não é fácil".
A pedido da família, preservamos a cidade onde moram, o sexo das crianças e a imagem delas.
Números no Brasil
Segundo dados Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem quase 34 mil crianças e adolescentes abrigadas em casas de acolhimento e instituições públicas por todo país. Destas, 5.040 estão totalmente prontas para a adoção.
São 36.437 pessoas interessadas em adotar uma criança. Mas a conta não fecha porque 83% das crianças têm acima de 10 anos, e apenas 2,7% dos pretendentes aceitam adotar acima dessa faixa etária, segundo cálculos do CNJ.