Na mira
Operação liberada por Moraes cita 'gabinete do ódio' e assessores de Bolsonaro
Ao determinar medidas contra políticos, empresários e ativistas bolsonaristas, ministro citou a suspeita de participação do grupo
by folhapressAo determinar medidas contra políticos, empresários e ativistas bolsonaristas nesta quarta (27), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes citou a suspeita de participação do chamado gabinete do ódio - grupo de servidores lotados na Presidência da República - num esquema para disseminar notícias falsas e ofensas contra autoridades e instituições, entre elas a própria corte.
Na decisão em que autoriza a Polícia Federal a cumprir mandados de busca e apreensão contra os alvos do chamado inquérito das fake news, ele diz, com base nos relatos de congressistas, que os investigados teriam ligações com o gabinete.
"As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como `Gabinete do Ódio', dedicada a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática", escreveu o ministro.
Ele citou os depoimentos de deputados federais que descreveram um suposto esquema coordenado pelo Palácio do Planalto para propagar pautas antidemocráticas e campanhas de difamação contra adversários políticos.
Um dos relatos transcritos na decisão é o de Heitor Freire (PSL-CE), que menciona diretamente assessores da Presidência.
"É do conhecimento do depoente que Matheus Sales, Mateus Matos Diniz e Tercio Arnaud Tomaz, todos assessores especiais da Presidência da República, são os integrantes principais do chamado 'Gabinete do Ódio', que se especializou em produzir e distribuir fake news contra diversas autoridades, personalidades e até integrantes do Supremo Tribunal Federal", disse o congressista.
"Esse gabinete coordena nacional e regionalmente a propagação dessas mensagens falsas ou agressivas, contando para isso com a atuação interligada de uma grande quantidade de páginas nas redes sociais, que replicam quase instantaneamente as mensagens de interesse do gabinete. Essa organização conta com vários colaboradores nos diferentes estados, a grande maioria sendo assessores de parlamentares federais e estaduais", continuou.