Empresa rejeita a ideia de que está a fazer "camas da morte", dizendo só querer ajudar a combater a crise do covid-19.
Diante do risco da falta de camas hospitalares, uma empresa colombiana de design, especializada em material de marketing, teve a ideia de criar uma cama a partir de cartão 100% reciclável. Mas não se ficou por aí. Porque a desenvolveu para ajudar no combate ao coronavírus pode transformar-se rapidamente num... caixão.
"A ABC põe a sua criatividade ao serviço da saúde com o desenvolvimento de uma cama de cartão 100% ecológica. Contribuindo para a necessidade de aumentar a capacidade hospitalar do país e com uma cama que é 100% reciclável, biodegradável, a menos de metade [do preço] de uma cama convencional. Esta cama conta com um segundo propósito, vendo a situação que se apresentou noutros países, que esperemos não se chegue a dar uso no nosso país", escreveram no Facebook, em finais de abril. O segundo propósito é transformar-se num caixão.
ABC pone su creatividad al servicio de la salud con el desarrollo de una Cama en Cartón 100% ecológica. Aportando ante la necesidad de aumentar la capacidad hospitalaria en el país y para esto una cama que es 100% Reciclables, Biodegadable, a menos de la mitad de una cama convencional. Esta cama cuenta con un segundo propósito viendo la situación que se ha presentado en otros países, el cual esperamos que no lleguemos a darle en nuestro país este segundo uso.
Nas redes sociais há que aplauda a ideia, mas também quem a apelide de mórbida e de pouco esperançosa para os pacientes que eventualmente pudessem ser colocados numa destas camas.
Na Colômbia, há 23 003 casos confirmados de coronavírus e registo de 776 mortes. Mas no vizinho a sul, o Equador, onde um surto em Guayaquil deixou corpos nas ruas e obrigou as autoridades a distribuir caixões de cartão, há 37 355 casos e 3203 mortes. Ver a situação no Equador levou os responsáveis da ABC Displays a pensar que era hora de se começarem a preparar para o pior.
A Organização Mundial de Saúde disse há dias que o continente americano se tornou no novo epicentro do covid-19. A ABC Displays já terá falado com potenciais compradores destas camas no Peru, Chile, Brasil, México e os EUA; segundo o fundador, Rodolfo Gómez.
"As pessoas podem pensar que estamos a fazer camas da morte, mas estamos a tentar ajudar durante uma crise", disse Gómez, citado pelo The Guardian. A empresa consegue fabricar até três mil destas camas por mês, sendo que cada uma delas custa entre 92 e 132 dólares e aguenta com até 150 quilos de peso.
O preço é acessível para hospitais regionais ou locais, normalmente com menos recursos, com o facto de poder ser transformada em caixão ajudar a reduzir possíveis contaminações, indicou à Reuters.