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Hospital Felício RochoFoto: Google Street View/reprodução
Descumprimento

Filho de paciente com Covid-19, internada em BH, cai em golpe e perde R$ 7,4 mil

Pedro Júnior da Silva, de 29 anos, chegou a fazer depósitos a pessoas que ligavam para ele, se dizendo médicos do hospital, informando estado de saúde da paciente

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Foi por meio de uma ligação telefônica que a família de Pedro Júnior da Silva, de 29 anos, caiu em um golpe, que causou um prejuízo superior a R$ 7 mil reais. Com a mãe de 57 anos internada em um hospital da região Oeste de BH por Covid-19, ele e a irmã corriqueiramente recebiam informações sobre o estado de saúde dela por ligações de vídeo e pelo WhatsApp. E foi justamente por meio de alguns desses contatos que criminosos, se passando por médicos, acabaram se aproveitando da dor e do desespero de quem só buscava a cura para a enfermidade, que já acometeu a mais de 8.000 pessoas só em Minas Gerais.

“Fui vítima de um estelionatário. Minha mãe foi internada na segunda-feira, um dia depois do dia das mães, por volta das 4h30 da manhã. Fui na parte de urgência, específica para suspeitas de coronavírus. Como eu vi que ela iria fazer exames, deixei meu pai, que estava desempregado, cuidando da minha mãe, já que precisava trabalhar”, informou.

Mais tarde, ele recebeu uma nova ligação da unidade hospitalar informando que nada seria cobrado pela internação. Na mesma semana, o estado de saúde dela se agravou e ela acabou sendo transferida para a UTI. “Eles (do hospital), sempre me ligavam por volta das 10h, 11h da manhã para informar sobre o estado de saúde dela”, continuou Pedro, falando que foi nesse momento que sua dor de cabeça começou.

“Minha mãe me contou que foi perguntada por várias pessoas do hospital sobre minha rotina. E ela acabou comentando que eu trabalhava com tecnologia, e contando detalhes sobre mim”, disse Pedro. Em um dos dias que irmã estava acompanhando mais de perto o quadro de saúde da mãe que um suposto funcionário de dentro do hospital, ligou informando que o estado de saúde dela.

 “Eles falaram que solicitaram a uma clínica particular que fizessem um exame para minha mãe, e que ela tinha “células de bloqueio’ e que se eu não cuidasse rápido da minha mãe ela poderia desenvolver leucemia. Explicaram que esse quadro poderia ser genético ou ocasionado por uma mistura de antibióticos. Como minha mãe foi tratada com cloroquina e outros tipos de antibióticos, isso fazia sentido, então, não desconfiei”, acrescentou.

Na tarde do dia 20 de maio, conta Pedro, os supostos médicos ligaram para o quarto em que sua mãe estava e pediram para sua irmã, que a acompanhava, o seu contato direto. 

A ligação

"Infelizmente Pedro, o estado dela (mãe) piorou. Identificamos um acúmulo de céluas blásticas, que são células doentes que estão substituindo as células saudáveis.Esse processo está causando a resistência à medicação", dizia um suposto médico, em uma das ligações recebidas do hospital gravadas por Pedro. Em determinado momento, o suposto médico diz que com a realização de um procedimento, que requer um exame mais profundo, a chance de cura é de 100%. 

 No dia seguinte, esse suposto funcionário do hospital entrou em contato novamente da família, solicitando depósitos em dinheiro. Pedro, então, realizou três transferências bancárias. A primeira no valor de R$ 3 mil, a segunda de R$ 1.900 e a terceira de R$ 2.500, totalizando R$ 7.400. 

Segundo Pedro, os golpistas informaram que o plano não tinha contrato com o laboratório que realizavam exames específicos para sua mãe, e por isso se dava a necessidade deste pagamento, sendo para o deslocamento dos funcionários e equipamentos do laboratório. Os falsos médicos ainda disseram que o valor integral seria reembolsado em um prazo de 48h. 

Revolta

Na sexta-feira (22), a paciente recebeu alta, o que causou desconfiança da famíia. “A parte que eu fico muito triste é com hospital, por ser uma unidade de referência em Belo Horizonte, o Felício Rocho, por conta da postura deles”, disse Pedro, falando que não recebeu nenhuma assistência. Ele também prestou queixa à polícia sobre a situação. 

Questionado, o Hospital Felício Rocho disse que apura a denúncia. “Por se tratar de um golpe aplicado amplamente já há algum tempo em diversos hospitais do país, informamos que no momento da internação esse alerta é passado através do ‘Termo de Ciência Orientação de Golpe’, que é assinado pelo paciente ou responsável”, informou.

A Polícia Civil disse que instaurou inquérito policial para apurar o caso e informou que novas informações sobre as investigações serão instauradas em momento oportuno.

Cuidado

Com a mãe recuperada, mas recebendo carinho do filho à distância, já que desde que saiu do hospital Pedro só tem contato com ela por telefone, o jovem alerta a outras pessoas para não cairem em golpes similares

. "Eu estou expondo esse caso para que outras pessoas, assim como eu, que recebam qualquer tipo de contato do hospital não sofrer esse tipo de abuso. O que eu passei eu não desejo para ninguém", disse.