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O vice-presidente Hamilton MourãoFoto: José Cruz/Agência Brasil

Mourão diz que Bolsonaro vê parcialidade em investigações sobre seus familiares

Segundo o vice-presidente, a família é "extremamente unida" e o chefe do Executivo é "um farol" para os três filhos políticos, e que os vê injustiçados

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O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira (27) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vê parcialidade em investigações sobre seus familiares.

Segundo Mourão, a família de Bolsonaro é "extremamente unida" e o presidente é "um farol" para os três filhos políticos: o senador Flávio (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ).

"Não é muito normal isso aí, quando você tem todo um grupo familiar envolvido na política. Da maneira como eu vejo, é óbvio que o presidente muitas vezes sente que está havendo algum tipo de parcialidade no tratamento que é dado a alguns integrantes da família dele e busca se contrapor a isso", disse Mourão em entrevista à "Rádio Gaúcha".

Logo em seguida, ele citou o caso específico de Flávio Bolsonaro e de Fabrício Queiroz, ex-assessor da época em que era deputado estadual no Rio.

Na terça-feira, Flávio fez uma rara defesa de seu ex-assessor Fabrício Queiroz ao atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), alvo da Operação Placebo deflagrada pela Polícia Federal.

Flávio afirmou que se arrepende de ter apoiado Witzel na eleição de 2018 e disse que, durante a campanha, o hoje governador ligava para Queiroz para tentar localizá-lo.

Esta foi a primeira vez desde 6 de dezembro de 2018 que Flávio Bolsonaro faz um elogio público a Queiroz, pivô da investigação aberta contra o senador.

Desde que a menção a seu ex-assessor num relatório do Coaf foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o senador vem tentando se desvincular do policial militar aposentado.

"Estamos há mais de um ano e meio com um processo se arrastando na questão Flávio, Queiroz etc. A polícia e os órgãos de investigação, especificamente no caso aí, o Ministério Público, lá é o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro que está investigando, vem tocando este processo", disse Mourão.

O vice-presidente também comentou a operação da PF que teve Witzel como alvo. A investigação é conduzida pela Procuradoria-Geral da República a partir de informações obtidas em investigações do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e "servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro", diz a Polícia Federal.

Um dos indícios contra o governador é o depoimento do ex-subsecretário da Secretaria de Saúde do Rio, Gabriell Neves, preso no início do mês pela Polícia Civil do Rio. Ele indicou que autoridades acima dele tinham ciência dos atos que assinou na secretaria, relativos ao combate à Covid-19. Ele é suspeito de fraudar a compra de respiradores.

Para Mourão, a Polícia Federal não age partidariamente e tem independência. "Se ela não tiver ação independente, ela deixará de cumprir a sua missão", afirmou à rádio.

O vice também procurou minimizar a suspeita de que a operação contra o governador havia sido antecipada para a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das mais fiéis aliadas de Bolsonaro. Na segunda (25), ela mencionou ações iminentes da PF contra governadores.

"A deputada Carla Zambelli é de São Paulo, não sei qual o interesse dela no Rio de Janeiro. E questão de vazamentos, vazamentos sempre ocorrem neste tipo de operação", afirmou Mourão.

"Já tínhamos vários indícios que vinham sendo publicados por vocês da imprensa sobre as compras que estariam sendo realizadas por alguns estados", disse o vice-presidente.

Mourão também comentou uma licitação anunciada na terça-feira pela Vice-Presidência para a compra de uma esteira para o Palácio do Jaburu, onde ele vive com a mulher.

A esteira elétrica, segundo o edital, é para "atender as necessidades destinadas à prática de atividades físicas". O equipamento deve ter, segundo exigido, "tela touch screen de alta definição com aplicativos de entretenimento, internet, TV, cursos interativos e mais".

"A licitação está dentro de todos os procedimentos da administração pública. La no Palácio do Jaburu existe área de musculação, onde tem uma esteira emprestada, porque a que existia lá se danificou e aí eu consegui emprestada com um amigo", respondeu Mourão.

"Não dá para continuar com algo emprestado, aquilo não é meu, aquilo é um patrimônio público, que é usado, além por mim, é usado pela equipe que trabalha lá. A gente tem que ter algo decente para poder manter a capacidade física, nada mais do que isso", acrescentou.