OMS cria fundação para receber doações de entes privados
Diretor-geral nega, porém, que medida seja resposta a ameaça de Trump de cortar verbas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta (27) a criação da Fundação da OMS, entidade independente que vai angariar doações para financiar programas da organização.
Juridicamente separada da OMS, a fundação permitirá contribuições de doadores individuais e empresas e a parceria para a realização de programas.
A OMS diz que um dos objetivos da fundação é “trabalhar para um financiamento mais sustentável e previsível”, mas o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que ela não é uma resposta às recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cortar o repasse de verbas para a organização, como retaliação ao que ele chama de tendência protecionista em relação à China.
O orçamento de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) da OMS é formado por financiamentos de diversos países. Em 2017, o último ano com dados disponíveis, os EUA investiram US$ 111 milhões (cerca de R$ 610 milhões), de acordo com as regras da organização, mas contribuíram com US$ 401 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) adicionais, de forma voluntária.
Segundo Ghebreyesus, a fundação começou a ser criada há dois anos, com o objetivo de financiar as metas de "triplo bilhão" da Organização: proteger 1 bilhão de pessoas de emergências de saúde, estender a cobertura universal de saúde a 1 bilhão de pessoas e garantir vida saudável e bem-estar a 1 bilhão de pessoas até 2023.
O criador e presidente da fundação, ex-secretário de Saúde da Suíça e diretor-geral da Autoridade Nacional de Saúde da Suíça Thomas Zeltner, disse que haverá mecanismos para impedir conflitos de interesse nas doações e que a OMS terá liberdade para recusar financiadores que considere que não atendem a seus princípios.