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O Goela e o conforto da comida por take-away

Da cozinha de João Ribeiro, nascida antes da pandemia já como projeto de takeaway, saem criações de todas as partes do mundo com a assinatura de random comfort food.

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Quando João Ribeiro começou a pensar no seu projeto gastronómico a solo, o takeaway não constava do seu vocabulário. "Tinha em mente uma coisa mais ligada à cozinha de autor, ao contacto com os clientes", mas o pouco espaço do seu Goela direcionou-o para outro caminho: "Se ia avançar para um takeaway, então tinha que ser uma coisa em que eu acreditava."

João, embora tenha chefiado o Terminal 4450 e o MUU Steakhouse (restaurantes de carne, por excelência), acreditava na sustentabilidade alimentar, motivo forte para ter alinhado numa carta composta essencialmente por propostas vegetarianas e vegan. "Eu não acho que devamos deixar de comer carne de todo, mas acho que deve ser um consumo consciente."

As outras grandes causas abraçadas pelo chef de 30 anos são a da ecologia - e por isso as suas caixas de takeaway, "que aguentam 20 minutos no forno a 180 graus", são biodegradáveis e os talheres são de madeira (€1) - e a da comida de conforto, "aquela que se pode comer só com uma colher", seja ela de inspiração portuguesa, italiana, americana ou asiática. "Não me quero prender a nenhum estilo."

Assim, na mesma carta convivem propostas tão distintas como os ovos rotos, que têm uma alternativa vegetariana com brócolos e tofu (€9), o Mac and Cheese, com versão normal e vegan (€9), ou o arroz frito acompanhado por espinafres, cogumelos, brócolos, amendoins e um ovo estrelado (€9). "Estes são os meus bestsellers."

Há também ofertas de finger food, como os croquetes de boi (€3, três unidades), as asinhas de frango (€6, seis unidades), os croquetes trufados (€4, três unidades) e o falafel (€3, três unidades), e um "beyond burger" com maionese de endro, picle de cebola e pepino, tão substancial "que até parece de carne" (€11).

Inovar, estudar e pensar a cozinha contemporânea são, para João, premissas indispensáveis para levar o seu projeto, aberto em janeiro deste ano, na Av. Boavista, Porto, ao sucesso. A pandemia obrigou-o a meter um travão em alguns planos e parcerias, como os jantares a quatro mãos no Armazém da Cerveja, para se concentrar no essencial: "Tive de fechar duas semanas para pensar como é que isto podia funcionar."

Contratou um serviço de estafeta privado para fazer entregas ao domicílio e resolveu começar a entregar os seus pratos na zona de Gaia às quartas-feiras ao jantar: "Tenho amigos e clientes habituais que são de lá e que se queixavam de que havia pouca oferta de restauração nesta altura."

Promete trabalhar numa vertente pop-up, com dias dedicados a temáticas específicas, "por exemplo um pop-up de comida vietnamita". O importante, salienta, é não sair do registo de conforto e de aleatoriedade, procurando coisas que ninguém faça em casa.