Weintraub, o aprendiz de Bolsonaro, está a caminho do sacrifício. Por Moisés Mendes
by Moisés MendesPublicado originalmente no blog do autor
Abraham Weintraub pode vir a ser o mandalete que não deu certo e que por isso mesmo corre o risco de ser sacrificado, tudo por causa do excesso de zelo com a missão recebida.
Weintraub recebeu, naquela reunião do dia 22 de abril, a tarefa de animar a turma. Ele deveria falar com firmeza contra o Supremo, para defender não só Bolsonaro, mas os ministros militares incomodados com os juízes do STF.
Por isso o ataque aos que ele considera vagabundos e que devem ser presos. Weintraub provou que ataca índios, porque odeia o termo “povos indígenas” e odeia ciganos, e que também ataca ministros da mais alta Corte.
Naquela reunião em que todo mundo queria bajular Bolsonaro e os ministros militares, a melhor performance foi a de Weintraub. Mas ele passou dos limites.
Salles, Araujo e Damares cumprem missão parecida, mas sem o teatro de Weintraub. São muitos os relatos anônimos que transmitiram à imprensa o desconforto até dos militares com a agressividade do sujeito.
Não é incomum que tarefeiros encarregados do serviço sujo cometam, no entusiasmo, o erro do ministro analfabeto da Educação. É assim nas corporações, nas repartições públicas, em qualquer lugar em que exista a inspiração de um comando despótico.
Weintraub foi insultuoso, quando deveria ter sido apenas agressivo. Para usar seus termos, foi um idiota, quando deveria ter sido somente um imbecil.
Não há como tratar a violência de tipos como Weintraub com cordialidade. O ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal chame o indivíduo para que dê explicações sobre o que disse.
Moraes vê indícios de pelo menos seis delitos, de injúria, difamação ameaça à integridade dos ministros e ameaça à independência de um poder. Weintraub pode pegar cadeia.
O ministro Luis Roberto Barroso já havia dito, na segunda-feira, que “a educação não pode ser capturada pela mediocridade, pela grosseria e por visões pré-iluministas do mundo”. Weintraub já fez tudo o que o ministro não queria que ele fizesse.
Com o cerco que passa a sofrer, pode cumprir, aí por contra própria, a segunda etapa do plano de exibição de valentia. Weintraub pode se habilitar a ser um novo Bolsonaro.
Bolsonaristas que conhecem seu potencial apostam na sua liderança. De mandalete, pode passar a protagonista. Não seria deputado, nem senador, nem governador. Pode vir a ser candidato a presidente da
República, é o que dizem.
O sujeito que atacou o Supremo, que montou toda uma estrutura de destruição da universidade, que agride professores e estudantes, conspira contra ProUni, contra o sistema de cotas e contra a escola pública, esse destruidor quer ser um novo Bolsonaro.
Weintraub tem todos os defeitos que uma missão bolsonarista exige. Se não der em nada, o processo contra ele pode fortalecê-lo.
Dá para antecipar o que ele dirá nos interrogatórios: que não quis dizer o que disse, que entenderam mal e que tem respeito pelo Judiciário.
É uma das características de quem quer prosperar como bolsonarista. Recuar para salvar a pele, como Bolsonaro sempre fez e ensinou.
Mas se nada der certo, Weintraub vai para o matadouro. E aí pode sair atirando, nem que seja nos próprios pés.
FALTA O LÍDER ALCOLUMBRE
Luis Roberto Barroso já reagiu à ameaça de golpe de Augusto Heleno. Rodrigo Maia demorou quatro dias, mas também deu sua resposta em defesa de democracia.
Por que Davi Alcolumbre, o presidente do Senado, também não se manifesta?
O que o grande líder, o valente Alcolumbre deve estar pesando, que até agora não disse nada sobre a ameaça do general?
A nação aguarda a palavra forte de Alcolumbre. O Brasil está paralisado esperando sua manifestação.
Ninguém diz nada antes da fala de Alcolumbre, que pode emitir uma nota hoje ou amanhã, quase uma semana depois da ameaça do general.
POBRES MULHERES
A mulher de Bolsonaro recebia cheques de Queiroz, o miliciano que trabalhava para a família do marido.
A mulher de Witzel recebia dinheiro de corruptos com ligações com o governo.
Os homens da extrema direita empurram suas mulheres para o pântano da dinheirama suja.
APENAS SEIS LERAM
O editorial do Estadão em que Lula é comparado a Bolsonaro (e que irritou o PT) deve ter sido lido por seis pessoas. Todas do PT.
A direita não lê mais o Estadão desde que passou a brigar com Bolsonaro por algo que não deve ter sido entregue.
VAI APARELHAR?
Bolsonaro aparelhou o meio ambiente, a educação, o Itamaraty. Conseguirá aparelhar a Polícia Federal?