https://www.otempo.com.br/image/contentid/policy:1.2342540:1590584841/WhatsApp%20Image%202020-05-27%20at%2009.26.48.jpeg?f=3x2&w=1280&$p$f$w=6124a15
A farmacêutica Vivian Evangelista Fonseca percebeu aumento na lotação dos ônibusFoto: Fred Magno/O TEMPO
Descumprimento

Mesmo com decreto, poucos ônibus de BH oferecem álcool em gel a passageiros

Nesta quarta-feira (27), a reportagem de O TEMPO encontrou álcool em gel em apenas dois ônibus na estação Barreiro; passageiros reclamam da lotação dos veículos

by

Muitos ônibus do transporte coletivo de Belo Horizonte ainda não disponibilizaram álcool em gel, pelo menos não da forma como determina o Decreto Municipal 17.362, em vigor desde a última segunda-feira (25), que estabelece uma série de normas para cumprimento por parte de empresas, usuários e da própria BHTrans. Nesta quarta-feira (27), a reportagem de O TEMPO identificou a oferta de álcool em gel em dois ônibus, das linhas 32 (Barreiro/Centro) e 329 (Estação Barreiro/Jatobá), mas apenas na parte dianteira do veículos, próximo ao motorista. E, como os usuários embarcam pela parte traseira, na estação Barreiro, eles não têm acesso ao produto.

O próprio decreto municipal determina que as concessionárias devem disponibilizar álcool em gel nos salões dianteiro e traseiro dos ônibus, com sinalização visual adequada do local de instalação de cada um, inclusive nos veículos sem roleta. 

Embora o decreto determine também a redução do número de passageiros nos coletivos, os usuários reclamam de lotação, principalmente no horário de pico da tarde. Alguns ônibus já estão sinalizados, conforme a legislação, com adesivos no teto para indicar o posicionamento correto das pessoas de pé, de forma a garantir o distanciamento entre elas, mas quem usa o sistema garante que não adianta.

A caixa Maria de Jesus, de 36 anos, pega ônibus todos os dias na estação Barreiro em direção à região Centro-Sul. “Na volta, vem lotado. Os motoristas não cumprem o decreto, encheu, e eles continuam deixando entrar, porque as pessoas xingam. Não tem como eles controlarem sozinhos”, diz. “As pessoas também usam máscara de forma errada ainda, o nariz fica de fora. Não tem nenhuma fiscalização”, afirma. 

Ela diz que não viu álcool em gel em nenhum coletivo. “Eu ando com o meu na bolsa, os ônibus ainda andam sujos, não mudou nada. Eu fico muito receosa, tenho crianças em casa e mãe, preciso que as pessoas se cuidem, mas muitas não estão nem aí”, lamenta. 

A farmacêutica Vivian Evangelista Fonseca, de 38 anos, também usa o transporte coletivo diariamente e percebeu que os ônibus estão ficando mais cheios nas últimas semanas. “Ainda mais agora, que o comércio voltou a abrir, a gente fica mais receoso. Acho que é necessário álcool em gel nos veículos e aumentar a quantidade de ônibus na rua, o intervalo entre eles ainda está grande”, pontua. 

A babá Maria Niuzia Lino, de 47 anos, conta que não viu álcool em gel nos coletivos nenhuma vez e que eles seguem cheios na parte da tarde. “Tem muito pouco ônibus nas ruas, não tem nem horário definido. Dentro da estação, eles pedem distância e falam que não pode ter pessoas de pé no ônibus, mas isso não é verdade”, diz. 

Em nota, a BHTrans informou que agentes vão fiscalizar a falta de álcool em gel em todas as estações. Segundo a empresa, as concessionárias comunicaram que estão com problemas com fornecedores do produto, mas isso deve ser solucionado nesta semana.

A BHTRANS afirmou, ainda, que está fiscalizando o embarque nas estações e solicitando ônibus adicionais para suprir a demanda de viagens no horário de pico. A fiscalização também é feita por meio das câmeras e em pontos de observação nos itinerários.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SetraBH) declarou que trabalha com a expectativa de "que todas as empresas estejam adequadas ao decreto na próxima sexta-feira (29)". Ainda segundo a entidade, o número de viagens foi ampliado de 12 mil para 14.200 por dia e, caso haja necessidade, pode aumentar nos próximos dias.

Outras regras

O decreto municipal permite viagens com pessoas de pé, mas com limite de 20 em ônibus articulado, dez em ônibus convencional e cinco em miniônibus. As concessionárias devem disponibilizar veículos reserva em número suficiente para garantir o cumprimento das normas e realizar viagens extras quando necessário. Nos dias úteis, os intervalos entre as viagens não podem ser superiores a 30 minutos nos horários de pico nem a 40 minutos nos horários fora de pico. 

Os ônibus devem ser lavados, interna e externamente, a cada 24 horas, sendo que as superfícies tocadas com maior frequência pelos usuários, como corrimãos e roleta, devem ser higienizadas em intervalos máximos de três horas. Sempre que possível, os veículos devem manter as janelas abertas. 

Os usuários do transporte coletivo também devem adotar algumas medidas preventivas, como evitar conversar durante as viagens, usar a máscara sobre o nariz e boca nos ônibus e nas estações, priorizar o pagamento com o cartão BHBus e higienizar as mãos antes e depois de usar o sistema.

Já a BHTrans deve promover ações intensivas de informação, com cartazes e avisos sonoros sobre as medidas de proteção individual a serem adotadas pelos usuários. As estações de integração e transferência devem ter os espaços demarcados para garantir o distanciamento entre os usuários nas filas. A limpeza de elevadores, escadas rolantes e corrimãos das estações também deve ser intensificada. 

Durante a fase de flexibilização, o horário da operação do transporte coletivo será entre 4h e 23h59, nos dias úteis e sábados, e entre 5h e 23h59, aos domingos e feriados.

Link para o áudio