Ex-Rebelde Dulce María conta que se inspira na tia-avó Frida Kahlo: 'Mulher real'
by Luana Santiago"Um grito de liberdade”. É assim que Dulce María, que ficou mundialmente conhecida depois de interpretar Roberta na novela “Rebelde” e fazer parte do grupo musical de mesmo nome, define “Origen”, novo álbum que será lançado ainda este ano. Com quase 30 anos de carreira e 34 de vida (isso mesmo!), a mexicana revela que esta é a primeira vez que trabalha com total liberdade criativa em um disco.
—Sinto que é uma libertação fazer isso. Afinal, resgatar minha origem é resgatar meus sonhos e mostrar porque eu escolhi ser cantora. Esse projeto é algo que eu queria realizar antes mesmo de entrar para o RBD (abreviatura de Rebelde) — conta ela, que explica por que não pôde investir em algo “tão seu” antes: — Sempre tive pessoas para me dizer o que fazer nos meus projetos. Quando segui minha carreira solo, acreditava que teria liberdade, mas o tempo todo havia gente dando uma opinião: "não é muito comercial", "não vamos lançar com esse nome". Faz parte do trabalho deles buscarem algo mais popular, porém, depois de tantos anos, eu precisava me libertar.
E fazer isso durante a pandemia do novo coronavírus apenas reforçou para Dulce a importância de se produzir arte neste momento.
— Percebi que a música é uma boa maneira de ajudar as pessoas a saírem um pouco do caos que estamos vivendo. Confesso que não planejava lançar os singles agora, mas me dei conta, com essa situação, que, na vida, sempre esperamos o momento perfeito. Mas o momento perfeito é hoje enquanto estamos vivos! Claro que é uma maneira muito diferente de divulgar um álbum, já que não teremos as entrevistas presenciais (o papo de Dulce com o EXTRA foi por telefone) e as apresentações nos programas, mas, agora, felizmente, tudo também é digital — reflete a cantora, que, na última sexta-feira, lançou “Tu y yo”, primeiro single inédito de “Origen”: — Escrevi essa música há dez anos para meu primeiro disco, “Extranjera”. Só que não consegui lançá-la e tive que esperar. Não foi fácil porque já tinha tudo preparado, mas, enfim, posso compartilhá-la com os fãs.
Além das canções inéditas, Dulce apresenta no novo disco duas músicas repaginadas da época de Rebelde, “Más tuya que mia” e “Te daria todo”.
— Essas canções são composições minhas, mas em novas versões — esclarece ela, que entende que as versões renovadas podem ser recebidas com estranheza pelos fãs do RBD: — Tenho ciência de que isso pode acontecer. Eu, por exemplo, não gosto quando um artista cria outra versão de uma música, sempre prefiro as originais. Mas eu precisava fazer minhas novas versões. Sempre pensei, por exemplo, que “Mas tua que mia” deveria ser acústica. No fim das contas, o resultado ficou muito divertido.
Para “Origen”, Dulce também buscou inspiração na tia-avó, a pintora Frida Kahlo. Embora não tenha tido a oportunidade de conhecê-la (a pintora morreu em 1954), a mexicana conta que a vê como exemplo de artista:
— Investiguei sua arte, seus livros, suas pinturas... Sua autenticidade é o que mais me influencia. Ela era muito autêntica, independentemente do que falavam. Era uma mulher real, e eu me identifico com isso. Outro ponto que também me inspira muito é o fato dela ter transformado toda sua dor e sofrimento em arte — conta Dulce, que admite fazer o mesmo ao compor: — Graças a Deus, não sofri tanto quanto ela (risos), mas, sim, os momentos de tristeza e confusão me inspiram a escrever canções. Eu definitivamente faço isso, e é parte do que estou compartilhando em “Origen”. As experiências sempre servem de algo.