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Jorge Milne e Carmo, CEO da Carmo Wood. Fotografia: Artur Machado / Global Imagens

Carmo Wood estima crescer a dois dígitos em plena pandemia

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Março havia sido o melhor mês de sempre da empresa, que tem mais de 40 anos de experiência a trabalhar a madeira

A Carmo Wood, líder europeia em madeira tratada, teve, em março, o seu melhor mês de sempre e fechou o primeiro trimestre com um crescimento homólogo de 5%. Uma performance que espera reforçar neste segundo trimestre e chegar ao final de junho com um acréscimo de vendas de 10%. “Continuamos a viver o dia a dia”, diz Jorge Milne e Carmo, presidente da empresa, que admite que a diversidade de áreas de atuação da Carmo é um fator decisivo para a sua resiliência em plena pandemia.

Com quatro fábricas em Portugal, em Pegões, Almeirim e Oliveira de Frades (duas), o grupo Carmo é composto por mais de 10 empresas e que operam em sectores tão distintos como a agricultura, a construção, o turismo, a segurança ou as telecomunicações. Dos 70 milhões de euros que faturou em 2019, a área agrícola representou metade. Da outra metade, destaque para os 20 milhões da área da construção e para os 10 milhões do segmento de postes para eletrificação e telecomunicações. O mobiliário, urbano e de jardim, contribuiu com cinco milhões de euros. A Carmo exporta 70% das suas vendas para cerca de 44 geografias distintas.

“Não estamos a trabalhar a 100%, porque temos equipas debilitadas por pessoas que têm de ficar em casa, mas temos um bom quadro de encomendas”, diz Jorge Milne e Carmo. É o caso do segmento de postes para eletricidade e telecomunicações, “áreas fundamentais à economia e que não podem parar”, reconhece. O sector agrícola e o mobiliário outdoor estão, também, a evoluir positivamente.

Outro dos negócios que está a crescer bastante é o dos serviços para cavalos, designadamente em Espanha, o que não admira porque “os cavalos continuam a precisar de atenção” e a Carmo produz de tudo relacionado com esta área, desde as camas, as boxs, até picadeiros. Em contrapartida, o segmento de madeiras tratadas para bricolage, que a empresa fornece ao grupo Leroy Merlin, sofreu os efeitos do confinamento, com uma redução significativa da procura. “Algo parada” está, também, a área da construção.

O mais curioso é que a desgraça do grupo em 2017 é o que permite que hoje a Carmo opere em segurança e com um “enorme distanciamento” entre os operários. As fábricas do grupo em Oliveira de Frades arderam por completo, nos incêndios de outubro de 2017, e foram reconstruídas do nada. Maiores, mas, sobretudo, mais robotizadas e automatizadas. Em 2017 dava emprego a 250 pessoas, hoje é responsável por 400 trabalhadores. E se não fossem os investimentos em robotização, precisaria “de mais de mil pessoas para fazer o que estamos a fazer”.

Para a recuperação da Carmo Wood, Jorge Milne e Carmo investiu, então, 8,5 milhões de euros, de capitais próprios, além dos mais de sete milhões que recebeu do seguro e dos cinco milhões que lhe foram atribuídos pelo REPOR, o programa do Governo para ajudar as empresas a recuperarem depois dos incêndios de 2017. Mas o empresário reconhece: “Foi o mal de 2017 que hoje nos permite estarmos assim, com elevados níveis de produtividade e de competitividade”.