Botafogo assume queda física em defesa do isolamento e estuda medidas contra arbitral da Ferj

Clube espera aval de autoridades públicas para retomar o trabalho e se coloca contra decisões em reunião por temer riscos de saúde e jurídicos em razão da pandemia do novo coronavírus

Enquanto a Ferj organiza e a maioria dos clubes cariocas se mexem pela volta do Campeonato Carioca, o Botafogo mantém posição e garante que não planeja o retorno dos treinos presenciais na próxima segunda-feira. Ao mesmo tempo em que mantém o elenco em casa, o clube age nos bastidores para não retomar o futebol no meio da pandemia.

A diretoria e a comissão técnica sabem que a postura pode repercutir em campo, quando a bola voltar a rolar. Depois de mais de 70 dias de quarentena, entre férias e treinos individuais, o clube analisa que o grupo não estará em forma plena para competição, mas só poderá avaliar completamente os atletas na volta ao Nilton Santos. Mesmo assim, aceita pagar o preço para não colocar jogadores e outros funcionários em risco.

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Último jogo do clube foi em 15 de março, contra o Bangu — Foto: André Durão

Por isso, o clube deixou a comissão montada pela Ferj para definir o protocolo de segurança para a volta aos treinos e jogos. Presente na primeira versão do "Jogo Seguro", o departamento médico alvinegro não foi incluído na "Comissão Especial de Saúde", que fará a versão atualizada do documento. O novo grupo é liderado por Bangu, Flamengo e Vasco.

Contra arbitral, clube aguarda autoridades

A avaliação em General Severiano, com o Fluminense como parceiro, é que não há condições para a retomada das atividades enquanto o estado e o país vivem crise grave pelo avanço do contágio e das mortes causados pelo novo coronavírus. Por isso, mantém os atletas nas próprias casas. Alguns, inclusive, passam a quarentena fora do Rio de Janeiro.

Fora a questão sanitária, a posição alvinegra tem preocupação jurídica. Isso porque o artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) coloca na conta do empregador o risco de perigo ou mal feito aos empregados. Os clubes podem ser obrigados a pagar indenização e estão sujeitos à rescisão indireta do contrato.

Presidentes de Ferj e Bota, Rubens Lopes e Mufarrej participaram de reunião online — Foto: Úrsula Nery/Agência FERJ

O que leva a diretoria a brigar contra a volta ao trabalho sem o aval das autoridades públicas. O clube aguarda pelo parecer favorável dos governantes - nas esferas municipal, estadual e federal - para ter segurança na retomada das atividades. Seja para a saúde dos funcionários ou para o patrimônio do Botafogo.

Na última segunda-feira, o futebol carioca deu mais um passo para a volta de treinos e jogos. O Conselho Arbitral da Ferj aprovou novo prazo para regularização de atletas e possibilidade de partidas fora da cidade do Rio de Janeiro em razão da pandemia. O encontro, que aconteceu virtualmente, teve Botafogo e Fluminense como antagonistas aos demais clubes e à entidade.

A dupla pediu impugnação de itens da reunião que avaliam ir contra o estatuto da Ferj, como a mudança de regulamento sem unanimidade com a competição em andamento. Contudo, a federação garantiu que "todos possuem fundamentação e amparo estatutário e regulamentar". A entidade afirmou que a insurgência da dupla "contraria e ofende os princípios democráticos".

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