Médicos analisam protocolo da CBF

Em processo de elaboração do protocolo do futebol brasileiro, tendo como base o realizado pela Alemanha, primeiro grande centro a retomar as atividades esportivas, a Confederação Brasileira de Futebol vai, aos poucos, lançando suas ideias para serem analisadas por especialistas ligados aos clubes nacionais. Dessa vez entidade demonstrou a intenção de limitar o número de membros em cada delegação em 40 pessoas. Esse será o número de profissionais que cada equipe terá direito a entrar nos estádios. Os médicos de ABC e América se posicionam favoráveis as medidas, mas acreditam que a base de estudos para o retorno seguro ainda deverá ser ampliada

Créditos: DivulgaçãoDr. Márcio Rêgo lembrou das realidades diferentes no País

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A proposta visa auxiliar os clubes em outra exigência nova, uma vez que são eles quem terão de se responsabilizar pelos testes epidemiológicos que serão realizados nas pessoas que estarão dentro do estádio ou arena, no período pós isolamento social. Esses testes, no sentido de saber se alguém está contaminado pela Covid-19, terão ênfase na condição olfativa e aferição de temperatura com termômetro de infravermelho.

O documento de prevenção a pandemia do novo coronavírus estabelece ainda uma lista de cuidados que os profissionais do futebol terão de observar, como o uso obrigatório de máscara nos vestiários, onde os atletas e membros da comissão técnica estão recomendados a permanecer, no máximo, 40 minutos, na finalidade de reduzir os risco de contaminação.

Em relação a arbitragem, a CBF promete se responsabilizar em fazer testes em todos componentes do quadro de árbitros envolvidos nas partidas e, solicita, inclusive, a manutenção do VAR nas competições regidas pela confederação brasileira. Já sobre os testes antidoping, a intenção é reduzir a quantidade de exames para um atleta de cada time, a meta é a de diminuir o número de pessoas na sala de controle.

O protocolo da CBF ainda trata do acesso ao campo por fotógrafos, jornalistas e radialistas, e na tribuna de imprensa. O número será reduzido e os credenciados deverão respeitar o distanciamento de dois metros para cada posição. Na Alemanha, os jogadores falam em microfones pendurados em cabos de apoio de TV, sem a presença de repórteres no gramado. As entrevistas coletivas serão virtuais operadas por assessores de imprensa dos clubes.

O documento elaborado pela CBF ainda precisa passar pela análise e aprovação das autoridades brasileiras. O futebol do país está paralisado desde meados de março devido a pandemia do coronavírus. Ainda não há uma data especificada para o retorno das competições.

Indicado para acompanhar os debates promovidos pela CBF, no lado americano, o médico Márcio Rêgo destaca que não é fácil estar na pele de Jorge Pagura, responsável pela coordenação do trabalho de formalização do protocolo brasileiro.

“Fazer um protocolo para um país inteiro, ainda de dimensões continentais como o Brasil, é sempre muito difícil. Na verdade, existe um inquérito epidemiológico que terá de ser aplicado em todo país, ainda não é um protocolo. Ele determina quarenta pessoas, por delegação, nos estádios, mas existem ainda algumas variáveis desse questionário, onde será avaliado questões como tosse, febre, falta de ar, irritação na garganta, dor de cabeça, secreção nasal, dores nas articulações, dores no corpo, fraqueza, diarreia e alteração de olfato. Esses questionários terão de ser respondidos pela delegação 4 horas antes de cada partida. Essa parte será enviada para CBF por mensagem, já a equipe de arbitragem e os membros do grupo antidoping nos estádios, terão de fazer esses mesmos testes 24 horas antes da partida. Essas são as novidades”, destacou Márcio Rego.

Responsável pela elaboração do protocolo do América, Márcio Rêgo ressaltou que esse questionário será implementado ao documento de exigências do clube potiguar, que segue as normas nacionais e tomou como base o apresentado pelo Botafogo-RJ.

“O protocolo apresentado pelo América não foi tirado da minha cabeça, ele é fruto de um trabalho de pesquisa e muita conversa com os colegas médicos dos outros clubes nacionais. Então esse inquérito epidemiológico nós iremos anexar também. Todos os protocolos são enviados a Comissão Nacional de Médicos de Futebol, o Jorge Pagura, necessita desses dados para auxiliar na confecção daquele que será apresentado pela CBF, que ainda não está deflagrado, finalizado”, destacou.

O médico americano disse viver a mesma ansiedade demonstrada pelos atletas, em relação a volta ao trabalho, mas chamou a atenção de que a questão necessita estar envolvida por um ambiente de muita segurança. Mas os custos de todo esse processo é um item que vem preocupando os profissionais da saúde no clube.

“Foi motivo de muito debate com o presidente do América, Leonardo Bezerra, essa questão dos custos. Um exame a um custo de R$ 250 que pode dar negativo hoje e daqui a quatro dias se fazer outro e dar positivo. Como será feito isso, testar essas pessoas quase todo dia? Não há a menor viabilidade. Essa questão dos testes é a que mais nos preocupa, então esse inquérito lançado pela CBF ajuda porque termina colocando em alguns grupos aqueles atletas que não necessitam testar. Temos três itens altamente sugestivos para Convid-19: tosse, febre e a perda do olfato. Então esse sub grupo terá de ser testado, já não engloba os 40 membros da delegação. O custo tem de ser estudado para saber se há viabilidade, hoje não acredito ser viável testar todo mundo o tempo todo”, reforçou.

Os valores do material necessário para realização dos exames, também é uma preocupação dentro do ABC, onde o médico Roberto Vital concorda com o colega americano.

Créditos: DivulgaçãoDr. Roberto Vital citou as dificuldades financeiras dos clubes

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“Os custos para seguir esse protocolo são realmente o maior empecilho para os clubes de porte médio para baixo. A recomendação atual é de que cada clube teste seus atletas duas vezes por semana, através de exames rápidos, que são os mais baratos no mercado e saem em torno dos R$ 250 ou testes específicos, que são os mais caros e certamente poderiam inviabilizar esse trabalho”, disse Vital.

A equipe médica alvinegra, embora ainda não tenha apresentado oficialmente as regras de trabalho que serão adotadas após a liberação do retorno do futebol, também vem trabalhando na formatação de um protocolo específico para o dia a dia do clube.

“Temos um rascunho desse documento que ainda está aberto, pois todo dia surge alguma novidade que deve ser acrescentada. Não existe ainda um roteiro preestabelecido em relação a retomada das atividades, porque cada estado e cada cidade possui uma situação peculiar em relação ao processo epidêmico. Hoje o que a gente quer é uma segurança para todos, não apenas para os atletas”, argumentou.