UFRN avalia implementação de período suplementar de aulas

Mariana Ceci
Repórter

Diante do cenário de incerteza de retomada das atividades acadêmicas por causa da pandemia, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) iniciou um processo de discussão com os Centros de Ensino da instituição para debater possíveis medidas a serem implantadas a curto, médio e longo prazo para garantir que os estudantes não sejam prejudicados pela interrupção das aulas, em vigor há 60 dias. A ideia inicial é implementar, a curto-prazo, um projeto piloto de período letivo suplementar excepcional, que seria opcional para os estudantes e ofertado virtualmente.

Créditos: Magnus NascimentoConforme determinação do Ministério da Educação, aulas presenciais nas instituições de ensino superior estão suspensas até o dia 15

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De acordo com a pró-reitora de graduação da UFRN, Maria das Vitórias de Sá, “há uma grande preocupação com os estudantes a curto-prazo”, principalmente os que necessitam de créditos específicos para conseguirem concluir a graduação. “Entendemos que há uma angústia dos estudantes. Muitos querem retomar as atividades, muitos estão sentindo uma grande pressão por concluir os cursos”, avaliou a pró-reitora. 

Cada curso, no entanto, possui suas especificidades, como é o caso daqueles que pertencem à área da Saúde, e necessitam práticas específicas dentro de hospitais e laboratórios, por exemplo. “Está havendo uma discussão descentralizada nos centros. Às vezes, uma discussão que se aplica no Centro de Tecnologia não se aplica ao Centro de Humanidades. Estamos fazendo estudos para as nossas propostas, e esperamos ouvir de cada centro essas contribuições para que as decisões sejam tomadas de forma colegiada”, explicou a pró-reitora.

A alternativa sugerida a curto prazo, relativa ao período letivo suplementar excepcional, seria similar a um período de letivo de férias, que já é ofertado pela Universidade normalmente. Assim como nos períodos letivos de férias, a participação, tanto de docentes como de estudantes, é facultativa. Nesse modelo, as cargas-horárias seriam contabilizadas como um período letivo regular, e todas as atividades seriam feitas de forma não-presencial, ao longo de seis semanas.

O período excepcional, no entanto, não altera a realidade da instituição como um todo: a pró-reitoria garante que o período letivo 2020.1 continua vigente, e todas as dicussões sobre prazos relacionadas à retomada serão previamente discutidas pelos Colegiados da Universidade. “O canal de diálogo se dá a partir do próprio Centro, para garantir a máxima participação da comunidade acadêmica, que inclui os estudantes. Eles precisam estar envolvidos com essa proposta”, declarou Maria das Vitórias de Sá. 

Na proposta elaborada até o momento sobre o período letivo suplementar, o discente poderá se matricular em turmas numa carga horária máxima de 180 horas. Os planos de curso aprovados serão divulgados pelas respectivas coordenações de curso e, caso um discente aprovado em um componente do período já esteja matriculado nessa mesma disciplina em 2020.1, a matrícula de 2020.1 será excluída para dar lugar à nova. 

Será possível, ainda, solicitar o trancamento da disciplina, caso necessário e, caso haja insucesso no projeto-piloto, quaisquer cancelamentos não serão contabilizados nos índices acadêmicos dos estudantes. “Estamos tendo a experiência de ter que implementar metodologias com as quais não estávamos acosutmados, como a metodologia remota, que não é EAD [Ensino a Distância]. Ou seja, o professor, dentro da sua disciplina, procuraria formas de administrar os conteúdos de forma remota”, frisou Maria das Vitórias.

Planejamento
Sem saber quando será possível retomar as aulas, a UFRN estuda, também, medidas possíveis a serem tomadas a longo e médio prazos para que os estudantes não sejam mais prejudicados pela interrupção das aulas. a médio prazo, a instituição estuda os possíveis cenários que podem se apresentar quando o retorno às aulas for definido. “Estudamos como ele vai acontecer, qual vai ser o cenário, que adequações teremos de fazer", comentou Maria das Vitórias de Sá.

A longo prazo, a Universidade estuda a adaptação de professores e estudantes para as novas metodologias de ensino remotas. “Temos consciência da realidade da instituição, de que muitos professores não possuem treinamento específico para isso, e precisariam de capacitação para utilizar plataformas e metodologias de ensino remotas. Além disso, muitos estudantes não têm condições de acompanhar dessa forma, então também é algo que estamos pensando. Há uma grande preocupação da reitoria com a situação dos nossos estudantes e professores nesse cenário", destacou Maria das Vitórias.