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Os protetores faciais cobrem todo o rosto evitando o contato das mãos com olhos, nariz e boca Foto: Marian Carrasquero para The New York Times

Coronavírus: depois das máscaras, seria a vez dos protetores faciais?

De material plástico, são mais fáceis de limpar, desinfetar e reutilizar; sua adoção não dispensa o uso das máscaras

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O debate sobre o uso de máscaras faciais para controlar a contaminação do coronavírus foi encerrado pelos americanos. Governos e empresários já exigem ou pelos menos recomendam seu uso em locais públicos. Enquanto algumas cidades do país vão aos poucos retomando suas atividades, alguns médicos consideram a incorporação de mais um equipamento de proteção no cotidiano: os protetores faciais.

– Uso protetores faciais sempre que entro em alguma loja ou outro edifício – disse o Dr. Eli Perencevich, infectologista da Universidade de Iowa. – Às vezes uso também uma máscara de pano se for requisitado pelo local.

De acordo com um artigo publicado por Perencevich junto com dois outros médicos em abril na revista científica Jama, se adotados como medidas protetivas de saúde pública, os protetores faciais podem ser úteis na redução do contágio, juntamente com outras medidas como o aumento da testagem, o distanciamento social e a higiene das mãos.

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Em Cingapura, por exemplo, estudantes da pré-escola e seus professores irão receber protetores faciais quando retornarem às aulas, no mês que vem. Na Filadélfia, especialistas recomendaram que os professores usem a proteção quando as escolas reabrirem. O mesmo aconteceu em Palo Alto, na Califórnia.

Mas é difícil imaginar os americanos se adaptando ao uso de outro tipo de equipamento de proteção. O Presidente Trump e o Vice-Presidente Mike Pence evitam usar máscaras e, em todo o país, a simples recomendação de utilização já foi motivo de desentendimentos em lojas e restaurantes.

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Os protetores faciais são usados há muito tempo como equipamento de proteção nos hospitais. Médicos e enfermeiros utilizam-nos ao entubar os pacientes com coronavírus e durante algumas cirurgias.

– O bom dos protetores faciais é que eles podem ser higienizados e esterilizados pelos próprios usuários, sendo assim reutilizados indefinidamente até rachar ou quebrar – afirmou a Dr. Sherry Yu, dermatologista residente filiada ao Brigham e Women’s Hospital, em Boston.

Um simples pano embebido em álcool ou mesmo água morna e sabão são suficientes para descontaminar os protetores. Já as máscaras cirúrgicas ou N95 têm que ser descartadas após o uso.

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Para o Dr. Perencevich, os protetores faciais deveriam ser os preferidos de todos simplesmente por serem os mesmos usados pelos profissionais da saúde. Eles protegem o rosto inteiro, inclusive os olhos, e evitam que as pessoas, sem querer, toquem seus rostos e se exponham ao coronavírus. Ainda, segundo ele, os protetores são mais fáceis de serem usados do que as máscaras e seu material não é capaz de gerar irritações ou coceiras. Muita gente usa as máscaras de forma incorreta, deixando o nariz de fora ou sem cobrir a boca, e ajeitam as máscaras no rosto, a toda hora, o que aumenta o risco de contaminação. Apesar de evitarem que as pessoas espalhem seus germes, as máscaras não protegem quem as usa de ser infectado.

Os protetores são importantes também para quem depende da leitura labial, de acordo com o Dr. Perencevich, pois permitem que as expressões faciais e os movimentos dos lábios fiquem perceptíveis.

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Mas, assim como as máscaras, os protetores faciais também têm suas limitações. Precisam ser removidos na hora de comer, em lanchonetes ou restaurantes. E ainda existem poucos estudos sobre sua verdadeira eficácia na redução da exposição ao vírus.

Para William Lindsley, bioengenheiro do Insituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional, os protetores podem falhar em outras situações, deixando que as gotículas se espalhem, tais como "quando se está lado a lado, ou atrás de alguém e, ainda, se duas pessoas estiverem conversando, sendo uma sentada e a outra em pé" .

O Dr. Perencevich e seus colegas aguardam que novos estudos sejam feitos provando que os protetores faciais são superiores às máscaras de pano, não só por cobrirem o rosto todo, mas principalmente por não poderem ser usadas de forma incorreta.