Crise do confinamento não abala estratega do Brexit

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Sob enorme pressão da oposição e da opinião pública, o assessor principal de Boris Johnson recusa demitir-se e não mostra arrependimento por se ter deslocado com a família para fora de Londres, durante a fase mais dura do confinamento.

Na esperança de acalmar a controvérsia, Dominic Cummings deu uma explicação detalhada numa conferência de imprensa quase inédita para um conselheiro não eleito, tendo afirmado:

"Nesta situação muito complexa, tentei exercer o meu julgamento o melhor que pude. Acredito que, em todas as circunstâncias, me comportei de forma razoável e legal, equilibrando a segurança da minha família e a situação extrema no número 10 e o interesse público, num governo eficaz para o qual eu poderia contribuir".

Boris Johnson, cuja autoridade na gestão da pandemia, está a ser questionada pelos críticos, manifestou apoio ao seu conselheiro pessoal:

"Não acredito que alguém no número 10 tenha feito alguma coisa que contrarie as nossas mensagens. O que queremos deixar absolutamente claro ao público é que a única forma de resolver este problema é mantendo-nos alerta, seguindo as directrizes, controlando o vírus e salvando vidas".

Dominic Cummings recebeu também o apoio público de outros membros do governo, como Dominic Raab e Michael Gove:

Cummings é acusado de desrespeitar as restrições de confinamento, ao deslocar-se com a família para uma região a 400 quilómetros de Londres. Alega que foi levar o filho de quatro anos, para que os avós pudessem cuidar dele se ele e a mulher ficassem doentes, numa altura em que Boris Johnson tinha sido infetado e a situação em Downing Street era muito difícil.

O estratega do Brexit admite que foi um erro não ter consultado Boris Johnson antes da viagem e afirma compreender o rancor da população, mas sublinha que grande parte da aversão popular se baseia em reportagens que não são verdadeiras.

A oposição reclama o afastamento de Cummings e afirma que, afinal, existem umas regras para o conselheiro e outras para a população.

As críticas têm sido imensas, mesmo no campo conservador e até no círculo do poder. Numa conta Twitter do governo surgiu uma mensagem contra a dupla Johnson/Cummings que foi apagada de imediato. JK Rowling, a criadora de Harry Potter, ofereceu-se para pagar um ano de salário ao autor do tweet, se este for descoberto.

A pressão sobre o primeiro-ministro mantém-se, apesar da vontade do governo de encerrar o capítulo da "polémica Cummings".